Materiais:
Enviada em: 29/10/2017

Por um futuro melhor      Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, em sua obra "Em busca da política", nenhum país que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas para as adversidades que o afligem. Nessa perspectiva, tornam-se passíveis de discussão os problemas enfrentados, hoje, pela sociedade brasileira, no que tange às fake news e aos perigos advindos delas. Logo, poder público e coletividade devem unir esforços objetivando combater esse problema social.      O primeiro ponto que vale um questionamento é a potencialização de opiniões extremistas e sentimentos de ódio gerados pelas fake news. Isso se deve, em grande medida, a atual era da pós-verdade, conceito criado pela Universidade de Oxford que consiste na manipulação da opinião pública, através de notícias falsas, para reforças as crenças pessoais. Dessa forma, diversos canais de comunicação utilizam-se indiscriminadamente das fake news, fazendo com que os indivíduos permaneçam em uma "bolha" informacional, ou seja, só recebam informações que reforcem as suas pré-concepções, as quais são, muitas vezes, preconceituosas, o que colabora para a manutenção de sentimentos de ódio.      Outro aspecto que pode ser debatido é a capacidade das fake news prejudicarem diretamente a integridade física e moral dos cidadãos, ocasionando, não raramente, violência e morte. Um bom exemplo disso foi o assassinato de uma mulher em São Paulo, no ano de 2014, após o compartilhamento de boatos a seu espeito, afirmando que a moça fazia rituais de magia negra. Dessa maneira, apesar do importantíssimo papel dos meios de comunicação, a utilização inadequada dos mesmos fere uma das principais garantidas defendidas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos: o direito a vida.      Por tudo isso, cabe ao Ministério da Educação elaborar palestras gratuitas sobre educação digital, ministradas por jornalistas e professores especializados e veiculadas não só nas escolas, mas também nas emissoras de TV aberta e nas redes sociais, orientando a população a questionar as notícias duvidosas e investigá-las corretamente, além de evitar o compartilhamento abusivo da mesmas. Ademais, os cidadãos socialmente engajados, como blogueiros e influenciadores digitais, devem criar canais de denúncia nas redes sociais, colaborando para que os usuários denunciem notícias suspeitas. Desse modo, observada uma ação conjunta entre instituições públicas e sociedade civil, certamente o país dará passos mais firmes na direção de um futuro melhor.