Em uma de suas mais famosas metáforas, o filósofo Platão associou a visão limitada, quanto à realidade que alguns indivíduos possuíam, a sombras no fundo de uma caverna. Adaptada a contemporaneidade, essa alegoria seria identificada no fenômeno das "fake news", as quais têm afetado a percepção de muitas pessoas diante dos fatos atuais. Nas eleições de 2016 à presidência estadunidense, por exemplo, a chamada "pós-verdade" aparentemente, contribuiu para o enfraquecimento da campanha de Hilary Clinton. Nesse contexto, deve-se analisar como o avanço tecnológico da mídia e as notícias falsas fomentam a instabilidade sociopolítica no Brasil. É fundamental pontuar, de início, que as novas mídias podem contribuir para a propagação das "fake news". Isso porque, segundo Zygmunt Bauman, a sociedade contemporânea está cada vez mais imediatista, na qual adaptou-se ao hipertexto e a leitura fragmentada, na tentativa de assimilar a maior quantidade de informação em pouco tempo. Com isso, formou-se uma geração de pessoas que, muitas vezes, compartilham informações sem ler ou analisar a fonte, deixando o público desamparado e confuso diante da conjuntura social a seu redor. É importante considerar, também, que as notícias falsas podem corroborar posturas duvidosas no campo sociopolítico. Isso decorre da baixa confiança das novas mídias e da necessidade de populacional em fomentar uma opinião, característico do imediatismo da sociedade contemporânea. Assim, baseado em informações enganosas ou precipitadas, a postura populacional pode servir como meio de legitimar atos controversos de agentes como o governo. Tal tendência pode ser observada na implementação do Estado Novo, no qual a população amedrontada pelo viés comunista validou a ditadura. Evidencia-se, portanto, que as novas mídias colaboram para a multiplicação de notícias falsas que podem gerar instabilidade sociopolítica. Para reverter esse quadro, cabe as grandes empresas de comunicação, como o Facebook e o Google, utilizarem de ferramentas de análise de fontes para checar notícias antes de sua postagem, reduzindo a pós-verdade e aumentando a credibilidade. Além disso, o Governo Federal deve investir em educação por meio de aulas com princípios da Comunicação Social, de modo a fortalecer o senso crítico da população jovem e evitar o compartilhamento dessas informações, visando assim, o bem viver do corpo social brasileiro.