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Enviada em: 30/10/2017

"Fake News": jornalismo na era da pós-verdade    Após a última eleição norte-americana, em 2016, as empresas Google e Facebook foram apontadas, pela sociedade, como principais catalisadoras de "fake news": boatos que impactaram fortemente o processo eleitoral. Esse episódio exemplifica o grande desafio de garantir a veracidade das informações que circulam pelas redes, sem que se restrinja a liberdade de expressão individual.    Primeiramente, é notório e preocupante o fato de a internet possibilitar a ampliação do alcance de opiniões individuais, indiscriminadamente, relativizando a relevância da fonte da informação. Além disso, a rapidez de informações dificulta extremamente a identificação e responsabilização dos criadores das "fake news"; também é quase impossível distingui-los das fontes de informação genuinamente responsáveis.    Ademais, a população não se mostra suficientemente educada para questionar a fidedignidade das informações recebidas e, portanto, tende à redução do filtro crítico ao campo emocional, de modo que se torne mais fácil aceitar, como verdade, o que já parece confortável e ideologicamente conveniente. É dessa ignorância digital, então, que surge o conceito de "pós-verdade": palavra eleita, em 2016, pela Universidade de Oxford, como "palavra do ano", que diz respeito a circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos importância do que crenças pessoais.    Logo, é imprescindível que grandes veículos de mídia, em parceria com empresas de "fact-checking", busquem melhorar seus processos de verificação da credibilidade das fontes de informação, penalizando os autores de "fake news" com queda de relevância nas redes. As escolas, por sua vez, devem fortalecer, em suas práticas curriculares, o estímulo ao senso crítico para o mundo digital, mediante atividades que exijam, do aluno, pesquisas da fonte original de uma informação e da real intenção por trás da notícia. Garantir a qualidade da informação é uma responsabilidade coletiva.