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Enviada em: 30/10/2017

Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates já se opunha aos Sofistas e criticava-os por utilizarem-se da retórica para manipular a verdade em favor dos interesses de determinados grupos. Isso mostra que a divulgação de notícias falsas ou distorcidas, visando à legitimação de determinadas ideologias, não se configura em um fenômeno recente. Porém, a Internet potencializou o poder de alcance de tais informações e, consequentemente, seus efeitos deletérios. Destarte, ações conjuntas entre os Poderes Legislativo e Judiciário, e também das escolas, são fundamentais para que o combate às falsas notícias seja eficiente.        Com o advento e popularização da rede mundial de computadores, a velocidade de disseminação de dados atingiu níveis recordes e, ao mesmo tempo em que, de certa maneira, globalizou e democratizou o acesso à informação, trouxe desafios e problemas a serem solucionados. Dentre eles estão as redes sociais, em que qualquer indivíduo pode publicar mensagens e fotos sem o compromisso da veracidade. Além disso, ainda há o agravante de que tais conteúdos possam ser divulgados de forma anônima, o que dificulta a punição daqueles que propagam mensagens caluniosas e difamatórias, as quais são instantaneamente compartilhadas, gerando consequências danosas e irreversíveis às vítimas.        Aliada a essa conjuntura, encontra-se a maneira com que os usuários de tais ferramentas lidam com as notícias que recebem em sua página de atualização. Nesse sentido, em 2016, o dicionário Oxford elegeu o termo "pós-verdade" como a palavra do ano, ratificando o quanto, atualmente, em uma notícia, o apelo emocional sobrepõe-se ao fato em si. Assim, observa-se que há uma cultura, facilitada pela própria estrutura das redes sociais, de se procurar notícias e opiniões que confirmem as ideias do leitor, empobrecendo, dessa forma, o caráter dialógico e enriquecedor decorrente de ideias conflitantes.       Na era da pós-verdade, discutir e redimensionar o impacto das notícias falsas é, portanto, imprescindível. Para isso, cabe ao Estado, por meio dos Poderes Legislativo e Judiciário, aperfeiçoar e fazer cumprir medidas legais que punam adequadamente aqueles que, por meio da divulgação de inverdades, prejudiquem indivíduos e instituições. Ademais, é papel das escolas investir na educação digital, por meio de oficinas e disciplinas que instruam os alunos a fazer uso da informação de maneira ética e de forma a ampliar suas pesquisas, utilizando-se sempre de fontes múltiplas, buscando a diversidade de pontos de vista.