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Enviada em: 24/01/2018

As notícias falsas estão sendo drasticamente potencializadas pelo momento atual do mundo embasado em paixões fanáticas, acesso fácil à internet e a própria globalização. Em poucos cliques, uma informação pode alcançar a um número equivalente de uma metrópole nas redes sociais em um país como o Brasil que 63% das pessoas usam a internet em seus domicílios. Segundo Yuval Harari, professor de história israelense, a distinção chave entre o ser humano da era moderna contra a todos os outros que já existiram é sua capacidade de contar e acreditar em ficções e essa foi a principal vantagem da nossa espécie contra outros animais até mesmo os de classificação taxonômica semelhante. O problema nessa vantagem é que muitas vezes podemos colaborar com atitudes por motivações erradas, como o boicote que uma clínica veterinária sofreu após ter centenas de compartilhamentos nas redes sociais sobre um procedimento irregular nos animais atendidos. Isso levou a um prejuízo econômico além do claro desgaste psicológico aos envolvidos na calúnia amplamente divulgada. O caso foi parar na Justiça com causa ganha para o veterinário alvo das mentiras, a condenação dos réus consistiu em indenizações chegando na casa dos dez mil reais.  Calúnia, injúria e difamação são crimes contra honra que têm suas consequências jurídicas tanto fora quanto dentro da internet, especialmente com o Marco Civil da Internet (projeto de lei aprovado em 2014) que compreende o mesmo conjunto de deveres e direitos no ambiente virtual quanto no real, mas, mesmo assim, esses crimes continuam a acontecer deliberadamente e muitas vezes processos não conseguem recuperar os danos causados. Uma das principais teorias sobre a evolução da comunicação que temos hoje ao longo da humanidade é de que ela partiu da necessidade de fofocar. Em nenhuma outra espécie de também seres humanos que já existiram como "Homo erectus" ou "Homo ergaster" haviam bandos tão grandes e organizados como hoje temos cidades com mais dois milhões de habitantes funcionando sem a tamanha violência que esse número poderia causar nos citados grupos. A comunicação foi essencial para que grandes bandos de "Homo sapiens" pudessem selecionar quem era ou não confiável para continuar ao lado das atividades que eles se envolviam. Seria justo, nos dias de hoje, que essa descredibilização promovida na internet seja resolvido apenas com processos indenizatórios? O mesmo que clique que contou mentiras deve ser o mesmo que clique que contará as verdades, desta forma, os mesmos usuários que leram e acreditaram poderão repensar sobre seus conceitos embasados numa mentira. É necessário que a lei e a Justiça tenham punições efetivas e mostre comprometimento com a verdade exigindo a prestação de esclarecimentos no mesmo espaço que se impulsionou a fraude.