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Enviada em: 09/07/2018

Numa sociedade materialista, não basta apenas "ter", é preciso exibir o que se tem. Por isso, percebe-se  a crescente influencia da cultura ostentação entre os mais jovens, que muitas vezes são influenciados pela ideia de que o sucesso só tem valor quando mostrado. Assim, além do endividamento, essa nova compulsão por comprar e autopromover-se tem como principais consequências a angústia e a frustração.        René Descartes, considerado o pai da filosofia política, acreditava que o raciocínio lógico era a principal evidência que provava a existência humana. De maneira análoga, tendo em vista os impactos do consumismo no mundo atual, sua tão entoada máxima "Penso, logo existo" poderia ser facilmente substituída por "Compro, logo existo". O hedonismo, vertente filosófica que defende a compra por puro prazer individual, agora se expande e contempla que é preciso impressionar os outros pelo que se ostenta. Logo, expor nas redes sociais, como o Instagram e o Facebook, também faz parte dessa conjuntura.        É fato: desde pequenos os seres humanos recebem inúmeros estímulos para se tornarem consumidores em potencial. Exemplo disso são as propagandas de brinquedos e roupas voltadas para essa faixa etária. Como consequência,  crescem acreditando que a felicidade tem preço, endereço e etiqueta. Eventos como os "rolezinhos" e a realidade explorada pelas músicas do "funk ostentação" evidenciam bem essa ideia, pois defendem que a opulência é capaz de trazer prestígio social. Não é preciso apenas ter: tem que ter o melhor para ser mostrado e cobiçado pelo outro. Nesse sentido, como já defendia o pensador Zygmunt Bauman, antes de consumir, o homem vira a própria mercadoria, uma vez que se "coisifica" como tal.       Torna-se evidente, portanto, que a ostentação vem se consolidando como um fenômeno do século XXI e, invariavelmente, estabelece-se, muitas vezes, como um impasse a ser combatido para a formação de cidadãos mais conscientes sobre as mazelas do consumo em larga escala. Dessa forma, é notória a necessidade políticas que coíbam a perpetuação desse problema. Em primeiro lugar, é fundamental que as escolas abordem cautelosamente assuntos de matemática financeira a fim de estimular que as crianças, futuramente, saibam organizar e planejar seus gastos. Ademais, é papel dos meios de comunicação, ao ter a população como influente "massa de manobra", promover não somente campanhas que estimulem o consumo, mas, sobretudo, aquelas que alertem o telespectador sobre os as consequências da compulsão pelas compras à natureza e ao próprio homem.