Materiais:
Enviada em: 07/10/2018

O conhecimento e a cultura são as duas coisas que não são capazes de serem roubadas de uma pessoa. Já os bens materiais perdem valor com o tempo, podem ser destruídos e serem esquecidos. A sociedade humana sempre enfrentou o dilema: ter ou ser? Desde os filósofos gregos, passando pelos cristãos e chegando aos materialistas, tal questão sempre teve uma única resposta: ter valor pessoal é melhor do que possuir itens. Entretanto, com o crescimento do capitalismo, vieram juntos os valores implícitos em marcas e produtos e a vontade individual de ostentar uma posse para a coletividade.       De certa maneira, produtos perdem sua utilidade em prol de um valor agregado à sua marca. Nos tempos antigos, pedras preciosas - como os diamantes e o ouro - tinham seu valor devido à sua raridade e a sua função como moeda. Entretanto, objetos de uso comum e que possuem um objetivo prático adquiriram um significado diferente, o de superioridade social. Segundo Karl Marx, esse processo é o "fetiche da mercadoria", ou seja, é um fenômeno cultural na qual o produto adquire uma aparente vontade.       Além disso, a desigualdade social é responsável por aumentar o valor implícito de algo e diminuir o valor do Ser. De acordo com o Determinismo Geográfico, "o homem é produto do meio". Dessa forma, quando uma pessoa nasce em um meio aonde não é valorizado o conhecimento e nem a inteligência, ela tenta compensar sua falha do Ser em meios materiais, tais como carros, casas, celulares, entre outros. Infelizmente, locais aonde a educação é ruim, existe a tendência a uma maior taxa de pessoas buscando ostentar suas posses.       Nesse sentido, é preferível que o Ser prevaleça sobre o Ter, já que é capaz de romper o ciclo do Determinismo Geográfico. A adquisição de culturas e de conhecimentos abrem na mente humana a sensação de pequenez e de que as posses não possuem valores além dos utilitários. A obtenção de contexto histórico e espiritual eleva a psique humana para o desenvolvimento de si próprio. Isso não significa, entretanto, que a riqueza não deva ser buscada ou que é necessário viver em isolamento social. Já que parte do desenvolvimento humano é através dos objetos possuídos.       Portanto, são necessárias algumas medidas para mudar a fixação no "fetiche de mercadoria" para o desenvolvimento do caráter e do conhecimento. Segundo Aristóteles, "o ser humano possuí o desejo de conhecer". Assim, a escola deverá desenvolver nos alunos virtudes a serem exercidas. Através de aulas de literatura, livros de Shakespeare, de Tolstói e de Dostoiévski devem ser analisados. Com foco nas atitudes dos personagens, é possível que os professores ensinem quais traços de caráter devem ser imitados e quais os vícios nas quais aqueles personagens caíram e fracassaram.