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Enviada em: 22/10/2018

Ostentação: o mal do século XXI?        Para a segunda geração de poetas românticos brasileiros, o tédio era o mal do século XIX. Analogamente, pode-se dizer que a ostentação consiste no mal do século XXI. Esse fenômeno é uma das consequências do comportamento consumista e da sobrevalorização da imagem, típicos dessa era.           Inicialmente, cabe destacar que o caráter consumista da sociedade atual tem sido responsável pela formação de indivíduos que anseiam por ostentar o que compram. Conforme afirmou o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, no livro “Modernidade Líquida”, a sociedade pós-moderna inverteu a lógica shakespeariana do “ser ou não ser” para o “ou ter – poder de consumo - ou não ser”, uma vez que os indivíduos são julgados e avaliados de acordo com suas capacidades e condutas relacionadas ao consumo. Assim, ostentar bens de consumo constitui-se em um dos principais meios pelo qual as pessoas projetam uma imagem de si próprias para o ambiente em que estão inseridas.       Outrossim, a ostentação é ainda impulsionada pela importância que as ilustrações têm na civilização hodierna. Nesse prisma, o filósofo francês Guy Debord ensinou, no livro “A Sociedade do Espetáculo”, que o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas mediada por imagens. Logo, não basta gastar uma fortuna para beber espumante em um camarote de uma festa cara, por exemplo, é preciso divulgar registros desse acontecimento, normalmente nas redes sociais, para que todos o vejam.           Infere-se, portanto, que a ostentação é uma característica marcante da sociedade atual. Para a redução dos seus efeitos, faz-se necessário fomentar valores que mitiguem a importância dada ao consumo e a autoimagem virtual. Visando a esse objetivo, escolas devem fornecer e exigir o uso de uniformes, evitando que os jovens utilizem roupas de grife para diferenciarem-se uns dos outros. Paralelamente, é imprescindível que os pais monitorem, e conversem com os seus filhos sobre, o comportamento nas redes sociais, para auxiliá-los a dar mais importância ao mundo real do que às imagens do mundo cibernético. Por fim, a mídia deve abordar o tema dramatizando situações, especialmente em programas voltados ao público infanto-juvenil, de forma a desestimular o consumismo e a adoração da própria imagem. Por meio dessas medidas, contribuir-se-á para mitigar a ostentação no século XXI.