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Enviada em: 13/05/2017

No Brasil, um novo estilo de vida tem levado as pessoas a esbanjarem na hora das compras, desfilando pelas ruas com roupas de marca, vários acessórios de ouro e carros de luxo. É conhecido como ostentação, que tem como propósito exibir os bens materiais em busca de status, respeito e manifestar seu valor diante de um grupo.        A moda de ostentar ganhou grande força nas letras de Funk, estilo de música que vem da periferia, o que se torna uma contradição, já que muitas dessas pessoas vivem condições precárias de moradia, saneamento básico e saúde. Ao almejar a ascensão social, o consumismo vai aumentando exponencialmente junto com os índices de inadimplência que, segundo a Serasa, em 2016, já atingia 60 milhões de brasileiros totalizando cerca de R$256 milhões em dívidas.      Em diversas culturas, as discussões acerca do consumismo exagerado ligado a ostentação possibilitam notar que esse não é um problema apenas do Brasil. Nos Estados Unidos, o movimento bling foi adotado por diversos rappers que ficaram conhecidos por mostrar nas letras das músicas e no estilo de vida o que dinheiro poderia comprar. Para Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, os brasileiros sentem-se desmotivados diante de suas condições reais. Diante da insatisfação pela sua situação nasce a busca pela aprovação da sociedade, que agora põe em confronto o ter versus o ser.        No livro Modernidade Líquida, o sociólogo Zygmunt Bauman discorre sobre a transição da sociedade de produção para a sociedade de consumo, em que o consumo se tornou fundamental para a criação de uma identidade, já que o ter passou a ser mais importante que o ser. No entanto, o indivíduo precisa conscientizar-se acerca do seu real valor na sociedade, para não ser apenas uma mercadoria.        Sendo assim, o problema não nasce nas demonstrações artísticas, ou no estilo de vida que o movimento ostentação deseja introduzir, mas sim nas consequências que a busca incansável pelos bens materiais podem trazer, além da insatisfação crônica. Para isso, seria necessária uma reeducação da população, por meio de palestras, ONG’s, propagandas e campanhas voltadas à instrução de uma melhor administração dos gastos, bem como, sobre o valor do indivíduo na sociedade, que vai muito além do ter.