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Enviada em: 18/05/2018

Recentemente, a Apple desagradou seus consumidores ao admitir que deixa iPhones antigos mais lentos a cada atualização. Apesar da alegação da empresa de que o procedimento visa ampliar a vida útil da bateria, críticos sugerem que trata-se de uma estratégia para fomentar a compra de produtos mais atuais, à medida que os antigos são propositalmente inutilizados. De fato, a obsolescência programada é uma prática comum, que se não se limita a vícios de fabricação e estende seus impactos para além do bolso do consumidor. É importante, analisar, primeiramente, a inutilização aparente. Ainda que a obsolescência esteja relacionada a produtos que deixam de funcionar, atualmente, basta que eles pareçam não funcionar. Nesse sentido, a publicidade tem o papel de determinar o que é útil e o que precisa ser substituído. Prova disso é o mercado de smartphones. Isso porque, anos após ano, os aparelhos atuais são sempre descritos como revolucionários, mesmo que apresentem poucas melhorias em relação à geração anterior. Desse modo, a exposição massiva ao "revolucionário" cria a falsa sensação de que  o anterior deve ser substituído, embora funcione. O custo monetário, ainda assim, é baixo se comparado ao ambiental. Isso porque, o consumismo impulsionado pela obsolescência programada atinge duplamente a natureza. Em um primeiro momento, ocorre a exploração desenfreada de recursos naturais a fim de suprir a demanda fomentada pela propaganda. Somado a isso, está a produção em massa de lixo, sobretudo o eletrônico, que raramente é descartado de forma adequada, infestando lixões, contaminado ar, solo, lençóis freáticos e demais corpos d'água. Fica claro, portanto, que a obsolescência programada molda o comportamento à medida que distorce a natureza e a realidade. Assim, cabe ao Poder Legislativo criar leis que determinem propagandas mais transparentes com o consumidor, de forma a combater sensacionalismos que levem ao consumo irracional e contribuam para o descarte de produtos em bom estado. Além disso, é dever do governo ampliar os programas de coleta seletiva pelo território nacional, de forma que cada município possua lugares adequados para o descarte de lixo eletrônico e dos demais resíduos urbanos. Ademais, é essencial que as escolas debatam o tema com pais e alunos, por meio de palestras que discutam a importância de um consumo consciente, bem como do descarte correto do lixo.