Materiais:
Enviada em: 30/06/2018

Na década de 1920, um grupo de fabricantes de lâmpadas optou por reduzir o tempo de vida útil de seus artigos, após concluir que a duração de um produto é inversamente proporcional ao lucro obtido com sua venda em larga escala. Essa conjuntura alicerçou o processo da obsolescência programada, fenômeno caracterizado por estipular o tempo de utilização de um produto - a fim de estimular a compra de um novo - e ainda presente na contemporaneidade. Nesse contexto, cabe avaliar os impactos de tal mazela humanitária e ambiental.        A princípio, é relevante mencionar que o processo supracitado fomenta o progresso da exploração trabalhista. No quadro hodierno, composto pela obsolescência premeditada, torna-se fundamental a produção em larga escala e barata de manufaturados com curto período de utilização. As “maquiladoras” mexicanas e as fábricas de roupa na Índia e em Bangladesh, por exemplo, estão atreladas a esse princípio, desenvolvendo produtos relativamente caros, utilizando mão de obra barata, exposta à periculosidade e jornadas de trabalho extensas. Assim, a proposição de nutrir o mercado com os bens elaborados, em virtude da obsolescência, urge o aumento da produtividade e exploração servil, agravando, assim, o panorama vigente.      Além disso, pode-se aludir que a limitação da vida útil concorre para a depredação ambiental. Segundo Mahatma Gandhi, a ganância possui uma proporção tal, que submete a natureza a seu favor. A máxima do pensador se apresenta factual, uma vez que, no logro do lucro, as empresas promovem a extração de minérios e matéria orgânica de reservas naturais, com o fito de prover a estrutura capitalista com produtos de curta duração. Ademais, o descarte desses artefatos, mormente inadequado, de acordo com a Associação Brasileira de Engenharia de Produção, propicia a poluição do âmbito natural. Por conseguinte, ocorrem alterações biogeoquímicas, nocivas às cadeias tróficas vigentes.     Inferem-se, portanto, os pormenores que tornam a obsolescência programada um dos males contemporâneos. Portanto, o Estado deve tornar obrigatório que as companhias comerciantes no Brasil, por meio das embalagens, indiquem a vida útil e descarte adequado dos produtos transacionados, visando a promover um consumo consciente e ambientalmente preservativo, pois, na atualidade, essas características caminham díspares. Ademais, o mesmo setor deve limitar a comercialização de itens de empresas exploradora do ofício, objetivando potencializar, por intermédio da perda de mercado consumidor, a alteração dessa política empresarial. Assim, alterar-se-á o panorama gerado há quase um século.