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Enviada em: 18/10/2018

A Crise do Fordismo, ocorrida na década de 70, teve como um dos maiores motivos o acúmulo de uma produção padronizada e durável. Na tentativa de reverter a situação, adotou-se o modelo Toyotista, cujo objetivo principal é diminuir a durabilidade e promover maior diversidade de produtos através de uma estratégia bastante inovadora: a obsolescência programada. Entretanto, apesar de ter sido a solução para as mazelas econômicas da época, tal mecanismo é capaz de gerar efeitos colaterais e danosos às facetas social e ambiental.   Primeiramente, percebe-se que a maior diversidade de mercadorias desperta nos indivíduos uma necessidade irreal de consumo. Os constantes lançamentos implementados pelo avanço da tecnologia e pelas configurações cada vez mais modernas, somados à atuação midiática por meio de propagandas persuasivas e manipuladoras, faz com que os produtos se tornem obsoletos sempre que um outro novo é apresentado. Desse modo, as pessoas são influenciadas ao consumo e, assim como Schopenhauer, importante filósofo alemão, elas se tornam escravas dos próprios desejos, através da sobrecarga de parcelas, empréstimos e dívidas. Logo, embora a estratégia seja benéfica para as empresas, também pode gerar impactos incalculáveis para a sociedade.    Além disso, a obsolescência programada também afeta o meio ambiente. Em consequência do aumento do consumo, gera-se uma maior quantidade de resíduos, e segundo o jornal "O Globo", o Brasil produz cerca de 250 mil toneladas de lixo por dia. Porém, o mais preocupante é que tudo isso inclui materiais altamente tóxicos como o chumbo e o cádmio, oriundos da bateria de aparelhos eletrônicos que, na maioria das vezes, são descartados sem nenhuma precaução e, em contato com o solo, podem contaminar o lençol freático e até causar bioacumulação nos seres vivos. Dessa forma, percebe-se a abrangência e a ciclicidade dos impactos da obsolescência. E, se não há a fiscalização e o controle adequado pelas entidades públicas, não há, também, como conter tais prejuízos.   Diante do exposto, nota-se que a pouca durabilidade dos produtos é prejudicial tanto para a população, quanto para a natureza. Para transformar essa situação, é necessário que o Ministério do Meio Ambiente tome providências necessárias para o descarte adequado dos lixos eletrônicos, mediante a coleta seletiva e a substituição de lixões por aterros sanitários, com o objetivo de evitar a contaminação do solo e das águas. Ademais, a mídia, em seu papel influenciador, precisa conscientizar as pessoas sobre as consequências do consumo descontrolado, através de documentários e matérias em programas televisivos, de modo que a obsolescência programada não interfira tanto no bem-estar da sociedade.