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Enviada em: 01/01/2019

A Terceira Revolução Industrial é a mais recente dinâmica de transformação dos sistemas produtivos, começada no final da década de 60 e viva até os dias atuais. Uma de suas consequências foi a lógica em que do produtor de um bem – propositadamente – desenvolve e fabrica um produto para consumo com o intuito de que se torne ultrapassado ou não-funcional, em um curto espaço de tempo, para incentivar a compra da nova geração da mercadoria. Portanto, a obsolescência programada não deve ser tratada com indiferença, uma vez que causa impactos diretos no meio ambiente, no planejamento econômico do indivíduo e até nas configurações de mercado.             Em primeiro lugar, é necessário reconhecer que esse sistema fomenta a rotatividade de aparelhos tecnológicos. Nesse sentido, a problemática do lixo eletrônico emerge e ganha força em âmbito mundial. Isso se dá por conta do descarte inadequado desses materiais, que contêm substâncias químicas nocivas, como chumbo, berílio, mercúrio etc., que podem contaminar o solo e água e adoecer faunas e floras, inclusive humanos. Todavia, as formas de eliminação desses eletroeletrônicos não são amplamente difundidas, bem como não há postos de coleta que atendam às demandas. Com efeito, é necessário que as autoridades tratem essa questão não só como um problema ambiental, mas também como um caso de saúde pública.                Ademais, a tecnologia que é utilizada a favor do homem pode causar segregação social e tolher pessoas do acesso à informação. O sistema capitalista privilegia quem tem maior poder de compra. Entretanto, num país em que o salário mínimo não chega a mil reais, trabalhadores se veem diante de um impasse: a exclusão social ou o endividamento a fim de obter um celular, por exemplo, que custa quase um mês de trabalho ou até mais. Desta forma, num país em crise, em que os juros são altíssimos, as concessionárias de crédito lucram muito e o sujeito de classe média ou paga ou é submetido às punições, como ter seu nome no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) – o que implica uma série de impasses e limita seu poder de aquisição de bens.             Portanto, a obsolescência programada não deve ser negligenciada. Cabe ao governo aplicar medidas para regulamentar a produção de dispositivos a fim de que se extinga ou se atenue o prazo de validade dos eletrônicos a fim de que todos possam ter as mesmas condições de inclusão. Além disso, é fundamental que as autoridades ajam de forma mais enérgica na regulamentação e na legislação ambientais para que os danos ao planeta sejam reduzidos e, quiçá, zerados, em longo prazo.