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Enviada em: 24/04/2019

O "super-homem" idealizado pelo célebre filósofo Nietzsche, caracteriza o indivíduo capaz de livrar-se das amarras sociais. Entretanto, ao que tudo indica, poucos parecem entender essa lição no que se refere aos perigos da obsolescência programada. Com efeito, nota-se um cenário desafiador seja pelo consumo exacerbado, seja pelo aumento da produção de resíduos sólidos.         Em primeiro plano, a obsolescência programada se mostra uma prática abusiva frente ao consumidor. Sob esse viés, o estímulo à compra tornou-se um fator primordial para a manutenção do sistema capitalista. Nesse contexto, segundo o sociólogo Karl Marx, para que esse incentivo ocorresse, criou-se o fetiche sobre a mercadoria, ou seja, a ilusão de que a felicidade seria encontrada a partir da aquisição de um produto. À vista disso, algumas empresas, sobretudo de eletrônicos, apropriam-se dessa estratégia e programam o tempo de vida útil de seus produtos e estimulam o mercado de bens-não-duráveis. Todavia, a problemática torna-se presente quando os consumidores perdem a sua liberdade de escolha, já que não possuem a plena ciência de todas as características dos produtos, inclusive a sua durabilidade.         De outro plano, a alta produção de lixo também é provocada pelo incentivo que o capitalismo faz ao consumo. A esse respeito, de acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, o homem contemporâneo está cada vez mais individualista e não se preocupa com os impactos que suas ações podem provocar na sociedade e no meio ambiente. Nesse contexto, o consumidor, inserido em um ciclo, é forçado a comprar produtos, principalmente eletrônicos, mais modernos e descartar as velhas gerações. Contudo, esse descarte não é realizado de maneira adequada, o que pode provocar danos nefastos à natureza, como contaminações por metais pesados. Tal realidade é comprovada pelos estudos da ONU, a quantidade de lixo eletrônico gerado em 2016 alcançou o recorde de 45 milhões de toneladas, e grande parte desses resíduos não possuem o destino correto, o que se mostra um grave problema ambiental.         Mediante aos fatos expostos percebe-se que a obsolescência programada é um mal para a sociedade do século XXI. Sendo assim, é mister que influentes digitais e ONG's, por meio de seus discursos nas mídias sociais, veiculem conteúdos capazes de informar a população sobre os códigos de defesa do consumidor e a liberdade de escolha como comprador, a fim de equilibrar o consumo e mitigar o fetichismo de mercadorias. Ademais, o poder público compete, a partir de fiscalizações e mudanças nos impostos, multar empresas de dispositivos que não ofereçam locais adequados para o recolhimento dos produtos, com o objetivo de minimizar o lixo eletrônico e contribuir para o direito básico do consumidor. Dessa forma, a sociedade livrar-se-á das amarras sociais.