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Enviada em: 24/05/2019

Willian Gibson, autor de "Neuromancer", alterou profundamente a visão de como seria o futuro. Em seu livro, consumismo e avanços tecnológicos tomaram alarmantes proporções, e alterações de membros humanos saudáveis por robóticos, visando aparência e desempenho tornaram-se presentes. Hoje, no Brasil, ainda que órgãos biônicos não sejam realidade, o consumismo idealizado por Gibson não se difere do encontrado no brasileiro. Com o intuito de atingir grandes lucros, empresas aproveitam-se desse caráter consumista, fabricando de forma proposital produtos pouco duráveis e com limite de durabilidade, visando assim, fomentar suas vendas e a necessidade de aquisição frequente. Tais ações culminam com a perpetuação de maus hábitos de consumo e suas ramificações, como o acúmulo de lixo.    Inicialmente, o descaso estatal relacionado a difusão e abordagem de práticas de consumo, mostra-se como um dos principais obstáculos na obtenção de uma relação saudável entre sociedade e mercado. Isso porque, ainda que leis de regulamentação e garantia de mercadorias, como o Código de Defesa do Consumidor, existam, ações fiscalizatórias de seu cumprimento que envolvam mitigar a degradação, são quase inexistente e, quando consideradas, demoram na implementação. Dessa forma, o futuro distópico idealizado por        Gibson encontra-se gradativamente mais próximo, à medida que a sociedade brasileira o incorpora diariamente.    Em segunda análise, um paralelo frente as ideias de Gibson pode ser formado, tendo em vista que a ignorância social em relação ao consumo desenfreado, tangencia a perpetuação de práticas consumistas, tais essas bases do capitalismo predatório. Isso por que a máxima presente no futuro descrito pelo autor, não se difere da atualidade, em que é priorizada a quantidade à qualidade. Além disso, danos ambientais causados pelo acúmulo e descarte incorreto dessas mercadorias inferem, por conseguinte, complicações permanentes ao meio ambiente em sua totalidade, como, por exemplo, a degradação do solo, poluição da atmosfera e de lençóis freáticos. Esses processos tornam-se contrários à Constituição Federal (1988), documentos de alta hierarquia, comprovando a necessidade de assistir a população em todos os quesitos, incluindo os que envolvem o mercado.    Destarte, para que práticas de consumo sejam gradativamente mais saudáveis e suas ramificações danosas mitigadas, faz-se necessário que o Ministério da Educação, por meio de campanhas, instaurem desde o ciclo escolar, práticas de consumo consciente, a título de exemplo, prezar pela qualidade e durabilidade. Em adição, o Estado deve instaurar novas leis de controle em linhas de produção, visando um maior controle na qualidade de fabricação e prevenção de práticas contra o consumidor. Dessa forma, no futuro por meio do presente, os desafios à consolidação de uma relação forte e estável entre sociedade e mercado se tornarão menores e menos significativas.