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Enviada em: 15/07/2019

Até o século XIX, um dos pontos mais importantes durante a fabricação de uma mercadoria era sua durabilidade, já que em tese, quanto mais durasse, melhor seria para os clientes e para a reputação da empresa. No entanto, a partir do século XX o cenário se inverteu. Hodiernamente, os produtos são fabricados com o intuito de durarem pouco, conceito conhecido como obsolescência programada, de maneira que as pessoas comprem mais vezes, favorecendo o enriquecimento das indústrias. Essa prática, que provoca grandes prejuízos tanto para o consumidor quanto para o meio ambiente, ocorre principalmente devido à liquidez da sociedade moderna e a falta de atenção dos países à questão.       Inicialmente, um entrave para a resolução do problema é a liquidez que envolve as sociedades na modernidade. O pensamento do filósofo polonês Zygmunt Bauman, que afirma estarmos vivendo tempos líquidos, em que nada é para durar, encaixa perfeitamente no contexto, uma vez que a liquidez observada, serviria tanto para as relações pessoais, quanto para os produtos, que são programados para se tornarem obsoletos em determinado tempo. Segundo pesquisa da Organizações das Nações Unidas, ONU, mais de 20% do lixo do mundo poderia ser evitado se a obsolescência deixasse de existir. Tais dados apontam a gravidade da situação, já que grande parte desse lixo é descartado de forma incorreta, prejudicando a natureza, que é composta por diversos recursos não renováveis.       Além disso, outro desafio enfrentado é a inobservância estatal, uma vez que dificilmente os Estados possuem leis rígidas quanto aos níveis de qualidade e durabilidade dos bens fabricados no país, o que incentiva e facilita a prática sem qualquer restrição. Ademais, a falta de fiscalização atua como principal impulsionador do problema, visto que até mesmo os países que possuem leis severas quanto a problemática, não possuem órgãos fiscalizadores eficazes que sejam capazes de efetivamente colocá-las em prática. Sendo assim, o fenômeno continua ocorrendo, e ao mesmo tempo que enriquece corporações, faz com que os índices de poluição, desmatamento e lixo ao redor do mundo só aumentem.       Destarte, é mister que medidas sejam tomadas para que a adversidade seja resolvida e um mundo mais justo seja obtido. Para isso, o Governo Federal de cada país, em parceria com a ONU, deve desenvolver leis que estabeleçam uma durabilidade mínima para cada tipo de produto, por meio da contratação de profissionais jurídicos especializados na área para a elaboração das mesmas, de maneira a obrigar as empresas a acabarem com  a obsolescência, sendo sujeitas à multas gradativas caso os parâmetros não sejam seguidos, alcançando assim uma sociedade mais justa e sustentável. Em adição, os Estados devem fiscalizar as empresas de maneira a garantir o cumprimento das regras.