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Enviada em: 08/08/2019

A animação “Wall-E” relata uma história de um robô que, no futuramente, vive sozinho na Terra para limpá-la, devido a impossibilidade da existência de vida nela, por causa do lixo e da toxicidade do ar. O tema explorado pelo filme, porém, pode não estar tão distante quanto se parece. Isso se deve, principalmente, graças a passividade do ser humano perante a sociedade capitalista de consumo, com os produtos “just in time” e a obsolescência programada, que garantiram sobreposição do ter ao ser. Dessa forma, não apenas os produtos têm sua vida útil programada, mas também as pessoas passam a ter suas vidas planejadas pelas novas tecnologias, gerando impacto negativo na sociedade.        Primeiramente, é possível verificar que a “sociedade do consumo” foi responsável pela inversão dos valores clássicos, cuja premissa era “penso, logo, existo”, para “compro, logo, existo”. Apesar de, por um lado sustentar a economia mundial, por outro, a criação de necessidades imposta pela obsolescência dos produtos traz à tona o “American Way of Life”, transparecido na massificação do consumo. Isso se deve graças ao impacto da propaganda, em que as indústrias e grandes marcas, por meio da obsolescência perceptiva, fazem os produtos, mesmo que ainda em perfeitas condições de uso, venham a adquirir um aspecto ultrapassado, fomentando uma falsa urgência de aquisição.        Além disso, o desconhecimento e a despreocupação social a respeito das etapas de produção dos bens de consumo e, principalmente, referente a sua destinação pós uso, gera um dos maiores impactos ambientais da atualidade. Visto que o ciclo de produção de tecnologias inicia-se com a exploração dos recursos naturais, e seguindo-se a teoria do químico Lavoisier “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, todo material retirado da natureza tem como seu destino o retorno ao ambiente, gerando, pois, uma grande quantidade de lixo eletrônico. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2016 cada pessoa descartava, em média, 7 quilos de lixo eletrônico por ano, dos quais apenas 20% era reciclado, o que comprova a grande imprudência ambiental.       É inegável que a obsolescência programada também programa a vida humana. Então, poder público, junto às empresas produtoras de tecnologias podem, em parceria com o Movimento Greenk, criar postos de recolhimento de lixo eletrônico, como aconteceu na cidade de São Paulo, em que pontos de coleta foram instalados em parques públicos, em outras cidades do país, para expandir ainda mais tal movimento, a fim de garantir os "5Rs" da sustentabilidade, promovendo a reciclagem, reutilização e  por fim, a redução da quantidade de lixo descartado indevidamente. Além disso, cabe à população repensar e recusar o consumo exacerbado de tecnologias desnecessárias, para que, enfim, seja possível conciliar mercado e sustentabilidade e ter a certeza de que Wall-E não se torne realidade.