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Enviada em: 11/10/2017

Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações sociais, políticas e econômicas é característica da "modernidade líquida" vivida nos dias atuais - tudo é efêmero, fugaz, líquido. Nesse contexto, a indústria de bens de consumo hodierna passou também a retratar tal realidade, através de produtos de baixa durabilidade. A chamada obsolescência programada, no entanto, representa um prejuízo para toda a sociedade, seja por seu caráter ganancioso, seja pela questão ambiental.    É indubitável que tal recurso tem a finalidade de enriquecer os grandes empresários em detrimento do resto da população. O conceito de obsolescência programada apareceu pela primeira vez na década de 1920, na indústria de lâmpadas, com o objetivo de reduzir a vida útil das mesmas e, por conseguinte, aumentar as vendas, haja vista que as lâmpadas queimadas necessitariam serem trocadas. Dessa maneira, essa prática gananciosa se difundiu rapidamente pela economia mundial, em que os consumidores compram celulares, computadores e eletrodomésticos sem terem conhecimento sobre a verdadeira longevidade desses produtos.    Outrossim, destaca-se o consumo irresponsável de recursos naturais como um dos maiores prejuízos causados pela prática da obsolescência programada. A produção desenfreada de celulares, geladeiras e carros consome uma grande quantidade de recursos naturais que raramente são reaproveitados, já que estes artigos são geralmente descartados no lixo comum. Consequentemente, o ritmo atual de consumo e descarte desses produtos se mostra insustentável a longo prazo, haja vista que o planeta apenas possui uma quantidade limitada de cada recurso natural.    Torna-se claro, portanto, que a prática da obsolescência programada no Brasil precisa ser afrontada. Nesse sentido, cabe ao Inmetro o teste da longevidade dos produtos e, a partir disso, a criação de um selo que informe aos consumidores a respeito da durabilidade do produto, como já ocorre em relação ao consumo de eletricidade dos eletrodomésticos. Ademais, é necessário que a prefeitura de cada cidade, em parceria com as indústrias locais, crie um sistema de recolhimento e reciclagem de produtos industrializados, a fim de reduzir o consumo de recursos naturais. Destarte, poder-se-á reduzir a liquidez das relações entre a indústria de bens de consumo e a sociedade e, finalmente, construir um país com valores mais sólidos. .