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Enviada em: 04/04/2018

Iniciada na Inglaterra, a Revolução Industrial alterou profundamente as relações sociais e instituiu uma nova lógica econômica que perdura até hoje. Nesse contexto, o sociólogo Zygmunt Bauman afirma que o corpo social, por influência da mídia e do marketing, associa felicidade à satisfação de necessidades criadas pelo capitalismo. Diante disso, verifica-se uma oportunidade para a obsolescência programada emergir na sociedade, causando rupturas na coesão social e riscos ao meio ambiente.    Inicialmente, é preciso considerar que a sociedade contemporânea depende de ferramentas tecnológicas para estabelecer muitas relações sociais, a exemplo do uso de celulares e computadores. A partir desse ponto, confirma-se o raciocínio de Bauman na medida em que a obsolescência programada, além de fazer com que as pessoas comprem novas tecnologias para estabelecer a comunicação, também incentiva o pensamento de que a aquisição de tais novidades é sinônimo de felicidade. Desse modo, surge uma sociedade infeliz por estar sempre procurando o novo, sendo que tal busca é inalcançável devido à limitação financeira e a rápida defasagem dos produtos.     Outro ponto relevante, nessa discussão, trata-se dos impactos ambientas gerados por esse processo. É importante observar que as empresas realizam muitas jogadas de marketing na mídia com o intuito de motivar o consumo dos produtos. Entretanto, raramente observa-se publicidades por parte delas visando instruir a população como descartar esses objetos, sendo que tal tarefa se restringe praticamente ao Estado, e suas campanhas de educação ambiental carecem de visibilidade. Esse fato, somado à redução da vida útil, que incentiva uma maior produção de lixo, corrobora o descarte incorreto do mesmo. Dessa forma, ocorrem danos ao meio ambiente, a exemplo da poluição de solos e rios, comprometendo toda a cadeia alimentar da região.       Tendo em vista os desdobramentos da obsolescência programada, infere-se a necessidade de novas propostas. Portanto, cabe ao governo duas medidas a curto prazo: difundir mais propagandas nas mídias televisivas sobre como realizar o descarte correto de cada tipo de lixo e exigir que todas as empresas privadas, ao transmitirem suas marcas, reservem uma parte da divulgação para instruir o público a fazer o mesmo. Além disso, é imprescindível que o Ministério da Educação oriente os professores a promover debates e reflexões com os estudantes utilizando conhecimentos da filosofia para fazê-los enxergar que a felicidade não se resume a aquisição de novas tecnologias. Com a aplicação dessas medidas, será possível minimizar os impactos ambientais e amenizar a tentativa de alienação imposta sobre a população mediante a lógica obsoleta das produções industriais.