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Enviada em: 10/06/2019

Tradição coerciva    Desde a década de 1940, são observados exemplos de cursos a distância no Brasil. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) acompanhava, ainda nesse período, o pioneirismo da Universidade do Ar, que educava academicamente por meio do rádio. Em 2019, cerca de 1,6 milhão de cidadãos brasileiros fazem curso superior a distância, de acordo com pesquisas da emissora televisiva Globo, e utilizam não apenas do recurso auditivo, mas sim de um complexo aparato audiovisual online. No entanto, alguns questionamentos concretizam-se em relação a essa modalidade de ensino, dos quais destacam-se o prejuízo do pouco contato com professores e a falta de capacitação de muitos deles. Dessa maneira, evidencia-se a necessidade de discorrer sobre as perspectivas e desafios da educação a distância no Brasil.    Segundo Émile Durkheim, famigerado sociólogo francês, a sociedade é coerciva e influenciadora do indivíduo. Sua teoria aplica-se à questão apresentada na medida em que o indivíduo brasileiro, condicionado desde cedo ao ensino tradicional e à presença constante de professores, tem prejuízos ao não possuir esse contato enquanto estudante. A coercividade social faz com que o compromisso estudantil, em boa parte dos casos, seja reduzido se não há a figura do professor com certa frequência. Assim, a qualidade dos profissionais formados pelo ensino a distância é, muitas vezes, inferior quando comparada à modalidade tradicional.    Outrossim, em determinados casos, o professor das videoaulas e das poucas aulas presenciais não é capacitado para lecionar no modelo EAD (Educação a Distância). Esse fato atua sobre o indivíduo, e coerge-o, novamente, a uma formação inferiorizada. Desse modo, os cidadãos que optam pela EAD são prejudicados inclusive no mercado de trabalho, devido à concorrência acirrada e a preferência  dos empregadores pelo profissional de melhor qualificação intelectual.    Portanto, fica clara a necessidade de o Ministério da Educação (MEC) estabelecer um mínimo de quatro aulas presenciais mensais para os cursos da modalidade EAD, por meio da implantação de uma lei, ao aliar-se ao Poder Judiciário brasileiro, com o objetivo de garantir a relação necessária entre estudante e professor. Ademais, é importante que o mesmo órgão - MEC - ofereça capacitação aos professores do ensino a distância, por intermédio de cursos intensivos, para que a igualdade entre essa modalidade e o ensino tradicional seja alcançada. Com tais medidas, a coercividade durkheimiana atuará na ampliação das perspectivas e redução dos desafios da educação a distância no Brasil.