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Enviada em: 02/07/2019

O crescimento de 297,3% da quantidade de estudantes brasileiros que usufruem a educação à distância (EaD), reportado entre 2006 e 2016 pelo Ministério da Educação, expõe uma realidade educacional. Essa expansão é dicotômica e produto da modernidade que promove novas interações sociais e reflete na prática do educar. Nesse sentido, faz-se necessária a reflexão acerca das causas e consequências dessa expansão com intuito da promoção de políticas públicas adequadas a esse cenário.       Elementarmente, a evolução tecnológica do mundo moderno possibilitou a comunicação instantânea independentemente da distância. Nesse contexto, de acordo com o geógrafo David Harvey, o intenso fluxo do capital do atual modo de produção corroborou à ascensão do setor privado da educação. Desse modo, a expansão da EaD no Brasil é fruto do interesse dos capitalistas, pois geram mais renda a estes ao reduzir os custos desse serviço básico que deveria ser provido pelo Estado.             Outrossim, apesar de condicionar mais autonomia aos estudantes, segundo o professor da universidade estadunidense MIT Noam Chomsky, a EaD gera tanto precarização da própria educação quanto do trabalho dada a flexibilização da força de trabalho nesse setor. Ademais, outra consequência maléfica dessa expansão no Brasil é a perda função da social da educação, pautada pelo patrono da educação brasileira Paulo Freire, na qual o princípio é a redução da desigualdades posto que há redução do espaço de socialização nos territórios educacionais.           Portanto, urge a atenção estatal acerca da expansão da educação a distância em questão no Brasil. Posto isso, o poder Legislativo, como agente regulador contra a perversividade capitalista, deve impedir a expansão da EaD privada, por essa intensificar as desigualdades. Nesse aspecto, essa intervenção dar-se-á mediante uma legislação que concretize apenas o Estado como detentor da EaD, porém que também promova encontros físicos semanais necessários para aumentar a sociabilidade entre os estudantes, a fim de gerar equidade socioeducacional posto que este é o propósito da educação. *