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Enviada em: 17/07/2019

No Brasil, em decorrência da falta de criticidade de muitos cidadãos, tornou-se corriqueira a compreensão de que o ensino à distância não afeta a dinâmica atual. No entanto, embora essa perspectiva permaneça no senso comum, naturalizando esse modo de pensar, é preciso notar o quanto esse ponto de vista é ingênuo ao desprezar aspectos econômicos e sociais.    A flexibilidade colabora para a aderência a esse modo de ensino. Baixos custos são fundamentais para conquistar mais clientes para esse negócio. A rapidez na conclusão de curso é um dos grandes atrativos. Esses entendimentos sobre educação não presencial, mesmo que simplistas, tendem a negligenciar fatores como a importância das aulas "corpo a corpo". Em geral, quando a sociedade não se predispõe a assumir posturas críticas e sensatas, toda a atualização de valores fica propensa a exaltar padrões de conduta nocivos e desvirtuados que banalizam tal problema. Como se não bastasse, há de se atentar, também, à forma perniciosa como diversos segmentos sociais se comportam diante desse assunto, ignorando a qualidade do curso em detrimento dos benefícios, abalando todo o conjunto nacional. De fato, essa questão tem a capacidade de agredir o presente e violentar o futuro.    Por conta disso, no debate acerca dessa modalidade alternativa de ensino, é preciso enfatizar a urgência do investimento em um maior senso de corresponsabilidade coletiva. Dessarte, em consonância com as ideias da Teoria da Coesão Social, de Durkheim, e do poeta John Donne, não se deve perguntar por quem dobram os sinos, deve-se notar que dobram por todos. Desse modo é possível evitar a proliferação de posturas meramente acusatórias que, além de desprezarem a atuação pouco eficaz ou inexistente de agentes públicos, também agenciam o aborto de sonhos e o assassinato de esperanças, ao passo que a falta de aulas práticas, organização e assistência em alguns casos afeta a qualidade do profissional. Sob essa égide, mais do que se eximir da culpa para apontar culpados, os brasileiros devem atentar-se ao seu poder de ingerência e resolução.    Sem dúvidas, quando restrita a fatores inoportunos, qualquer iniciativa contra os desafios do aprendizado à distância está fadada ao insucesso. Assim, faz-se necessário que o Estado, por meio de Ministério da Educação, garanta a qualidade do ensino, aplicando provas periódicas com um nível elevado, o que estimula a melhoria do nível profissional, que assegura um melhor pensamento crítico e inverte o paradigma atual. Afinal, parafraseando o filósofo grego Heráclito, a mudança deve ser o princípio fundamental de tudo.