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Enviada em: 05/05/2018

“A sociedade privada introduz a desigualdade entre os homens”. Tal declaração proposta por Rousseau, no período do Iluminismo, permite refletir, nos dias atuais, sobre como a pobreza em evidência, no Brasil, representa um desafio a ser enfrentado de forma mais organizada pela sociedade. Nesse sentido, convém analisar as principais causas e possíveis maneiras para amenizar essa problemática.   Em princípio, é importante ressaltar que a Revolução Verde proporcionou o aumento da atividade agrícola em diversos países, por meio do uso de tecnologias avançadas. Entretanto, apesar desse progresso ter possibilitado o Brasil a se tornar um dos principais produtores e exportadores de soja do mundo, infelizmente, a modernização, reflete no aumento da pobreza. De maneira análoga, percebe-se que os pequenos produtores não possuem renda suficiente para investir na mecanização, tão pouco, recebem crédito rural, concedido pelo Governo, para comprar novas tecnologias. Assim, esses agricultores são forçados a migrar para áreas urbanas, na qual não fornecem educação, emprego e moradia de qualidade aos recém chegados. Dessa forma, é inegável que esse entrave favorece o aumento da favelização, do trabalho informal e da persistência da pobreza nas cidades.      Nesse viés, é válido salientar que segundos dados do IBGE, a população negra, em sua maioria, é a mais afetada pela pobreza, uma vez que a Lei de Terras, de 1850, impediu o acesso dos mais pobres à terra. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que, com o fim da escravidão, os negros recém libertos não podiam cultivar a terra para sua subsistência, muito menos, compra - lá , sendo forçados, não só a migrar para cidade, como também viver em moradias precárias, oferecendo sua mão de obra à salários míseros. Em consequência disso, na atualidade, de acordo com o IBGE, três em cada quatro pessoas que estão na parcela dos mais pobres do país são negras. Isso, se relaciona diretamente aos ideais de Rousseau, visto que com a propriedade privada, se impôs também, a desigualdade social. Logo, essa realidade torna evidente a necessidade de se pensar em ações que tenham por objetivo atenuar esse problema.    Portanto, para que o ideal de igualdade e propriedade, defendido pelo filósofo iluminista, não seja apenas uma teoria, mas se torne uma medida prática, é necessário uma ação mais pontual do Governo Federal. Dessa forma, o poder Executivo deve por em prática a função social da terra, assegurada pela Constituição Cidadã, por meio da identificação de terras sem uso, de modo que possa transformar a propriedade em uma área social, realizando assentamento de famílias sem propriedade. Espera-se, com esses atos, que a desigualdade social e a pobreza diminua gradativamente no país.