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Enviada em: 20/11/2018

Atualmente, a pobreza no Brasil ganha um novo perfil. Antes, era representada apenas pela grande massa trabalhadora do campo e da periferia das grandes cidades. Agora, há a expectativa de que o trabalhador branco do setor de serviços também seja parte dela. As mudanças culturais e econômicas advindas das novas tecnologias e da baixa qualificação técnica do brasileiro devem ser os gatilhos para a dinâmica dessa nova pobreza.       Em primeiro lugar, destaca-se o papel da crise política, econômica e social atualmente vivenciada no país. O aumento do desemprego é retrato não apenas do desaquecimento da economia, mas de tendências claras de mudanças no seio da sociedade, principalmente em função de novas tecnologias, cuja principal característica é a automação. Isso significa que um número considerável de serviços, como os relacionados às tarefas administrativas, será substituído por assistentes virtuais. Além disso, a redução orçamentária de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, poderá agravar as condições de quem ainda não tem autonomia para reinserção no mercado de trabalho.       Tal tendência revela um diagnóstico grave da economia brasileira: a má qualificação. Dada a condição incipiente do ensino técnico, a baixa qualidade do ensino superior e a alta evasão escolar, é desafiadora a solução de recolocação profissional daqueles que perderão seus empregos nos próximos anos. Os números também revelam um cenário desanimador: de acordo com o Banco Mundial, o número de pobres no Brasil aumentou em 3,6 milhões em 2017. Sem qualificação e com enfraquecimento dos programas sociais, esses números devem aumentar.       Assim, verifica-se a urgência na atuação do Estado. O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) deve criar um programa nacional de qualificação profissional, em que prefeituras de todo o país receberão recursos, diretrizes e treinamento de professores para a oferta de cursos técnicos para desempregados e beneficiários de programas sociais, que possibilitarão a recolocação ou inserção profissional de milhões de pessoas. Dessa forma, com cidadania e educação, será possível estancar o crescimento da pobreza no país.