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Enviada em: 11/04/2019

"Catador de latinha", música de Pepe Moreno, adquiriu enormes proporções por tratar de forma apelativa as condições de vida de um menino de rua. A comoção se cristaliza nos versos em que o menino diz que não tem o que comer, sobrevivendo de restos de comida e venda de lixo reciclável. Nesse sentido, a retratação da realidade da população miserável brasileira através dessa música, revela a intensa desigualdade que existe na sociedade. Assim, um debate sobre os efeitos negativos que esse panorama pode representar ao tecido nacional se faz imprescindível.     Inicialmente, o extremo estado de pobreza obriga o ser humano a assumir estados de animais. Dados de uma pesquisa feita pelo Datafolha em novembro de 2013, apontam que o número de pessoas que possuem renda menor de 1,5 salário é aproximadamente 1/2 dos entrevistados. A interpretação que se tem desses dados é que ainda existem pessoas que vivem sem nenhuma renda, e, assim, vivem de catadores de lixo ou de matéria orgânica para o auto-sustento. Sendo assim, a forma que esse indivíduos assumem foge a projeção humana, aproximando-se de animais, como relatado no poema "O Bicho" de Manuel Bandeira.    Ademais, o não direcionamento de políticas públicas intensificam esse problema social. O negligenciamento por parte do governo, reduz a atividade dessa população na economia, causando desemprego e a estagnação econômica. Em "A Utopia", de Thomas More, a manutenção de uma sociedade complexa e sem defeitos é retratado como um modelo onde não há pobreza nem desigualdade. Longe da realidade, esse preceito serve de base para a construção de um sistema mais justo, visando a busca pela utopia, mesmo que seja inalcançável. Assim, o distanciamento do governo perante a problemática se mostra negativo por negligenciar sua própria função de natureza.    Fica claro, portanto, que a pobreza está cada vez mais em evidência. Para que esse panorama mude, o Governo Federal deve ampliar medidas públicas de combate à miséria, através de incentivos fiscais a empresas contratantes e de subsídios temporários, como o Bolsa Família, para que assim, a população pobre ascenda socialmente. As Ongs, o papel de realizar oficinas de tratamento e de trabalhos voluntários, pressionando a legitimação dessas medidas pelo Estado, e à reabilitação desses indivíduos rebaixados. Talvez assim, a posição animalesca assumida pelo menino de rua, ganhe status de doutor, como o próprio anuncia no final da música de Pepe Moreno.