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Enviada em: 08/05/2019

“Eu sou negra, a fome é amarela e dói muito”. A escritora e catadora de papéis, Carolina Maria de Jesus já abordava, na década de 1950, um problema que persiste na sociedade brasileira até hoje: a miséria decorrente da pobreza. Efetivamente, não só a profunda desigualdade econômica, mas também, a desigualdade de oportunidades atreladas ao precário planejamento de políticas públicas são os principais fatores para o avanço dessa mazela, fazendo-se necessário analisar o atual panorama para desconstruir essa realidade.  A priori, o Art. 6º da Constituição Federal Brasileira assegura direitos sociais igualitários, como moradia e alimentação. Contudo, apesar de ser um direito, hodiernamente, são nos estados das regiões Norte e Nordeste que se encontram a grande massa da população que vive sob miséria. Seguindo essa linha de raciocínio, conforme dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- em 2017, 7,4% da população estava vivendo em condições de extrema pobreza no Brasil, sobrevivendo com apenas R$140 por mês. A interpretação que se tem desses dados é o negligenciamento por parte do governo, pois a falta de direcionamento de políticas públicas intensifica esse problema social.     Outrossim, é importante destacar, ainda, que é comum a restrição do assunto desigualdade como se somente a socioeconômica existisse. Esta é mais evidente, já que temos constantemente contato com os índices discrepantes de distribuição de renda no Brasil. Porém, esquecemos da desigualdade de oportunidades. Se houvesse uma melhoria na educação pública de base, haveria uma igualdade maior na entrada para o ensino superior e consequente obtenção do diploma, requisito quase que fundamental hoje para a entrada no mercado de trabalho. Decerto, podemos perceber a eficiência desta ação sendo aplicada em países desenvolvidos como a China, que investe em educação e é uma potência econômica.    Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar esse problema. Para tanto, é mister que Governo Federal atue, através de incentivos fiscais a empresas contratadoras e subsídios temporários, como Bolsa Família, ampliando medidas públicas de combate à miséria, para assim, a população pobre ascenda socialmente. Ademais, o Ministério da educação em conjunto com Secretarias Estaduais de Educação deve elaborar projetos visando a qualidade da educação base, melhorando o interesse dos alunos, incentivando o professor, assim, proporcionando uma igualdade de oportunidades no ingresso do ensino superior, e consequentemente qualificação para entrada no mercado de trabalho. Dessa forma, haverá a dissolução dessa conjuntura, pois tão grave quanto a pobreza em evidência no Brasil é ignorá-la.