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Enviada em: 20/07/2017

“O bicho, meu Deus, era um homem”. Nesse conhecido verso, o poeta Manuel Bandeira expressa sua consternação diante das visíveis condições sub-humanas vividas por grande parte da população na primeira metade do século XX. Todavia, sua observação é deveras atual: No Brasil, a pobreza evidencia-se nas formas de ocupação do espaço e nas restrições enfrentadas por muitos no acesso aos recursos mínimos para uma vida digna, o que impacta negativamente o exercício da cidadania.    Primordialmente, a expressão mais visível da pobreza encontra-se no meio urbano: As favelas. De acordo com o IBGE, o país concentra 15 mil aglomerados residenciais considerados subnormais, nos quais residem 11,4 milhões de pessoas. É possível comparar tal cenário de baixa qualidade de vida com o descrito por Aluísio de Azevedo em “O cortiço”, no século XIX e perceber que pouco melhorou desde então, muito pelo contrário: Segundo o Banco Mundial, o número de pessoas na pobreza pode aumentar em até 3,6 milhões até o fim de 2017.     Contudo, considerar apenas as condições materiais de existência pode negligenciar que a pobreza também se revela na privação de necessidades básicas. A exemplo disso, 66% das famílias possui renda média aproximada de 2000 reais, segundo o instituto Datafolha. Destarte, torna-se notório que grande parte da população não possui acesso de qualidade a recursos básicos como saúde, educação, moradia e emprego, o que também torna visíveis outras esferas da desigualdade e da exclusão.     Logo, como é possível esperar uma legítima transformação social se ainda fazem parte da paisagem cotidiana as distorções históricas que maculam a sociedade brasileira? A construção de uma sociedade mais justa exige necessariamente o respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos e para tal, o combate à pobreza é um passo importante.    Diante do exposto, o Estado deve agir no sentido de mitigar as causas que sustentam essa problemática, seja ampliando os programas de transferência de renda como o Bolsa Família e Bolsa Escola, seja melhorando o acesso e qualidade dos serviços públicos. Outrossim, é necessário que o estado tome medidas de combate ao desemprego, permitindo que muitas pessoas possam obter condições de vida melhores, e quem sabe assim, possa ser superado esse impasse.