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Enviada em: 05/11/2018

A reforma brasileira do Ensino Médio já causou muita polêmica entre professores, alunos e especialistas em educação. Há muito tempo percebida como necessária, sobretudo após 20 anos do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a grade curricular escolar estava desatualizada, não contemplando novas perspectivas de multidisciplinaridade. A reforma, porém, não foi bem recebida unanimemente, uma vez que a construção coletiva não foi considerada para sua implementação.       Nesse contexto, cabe destacar que a nova organização de conteúdos adotada na avaliação do ENEM - linguagens, matemática, ciências humanas e da natureza - não é fato realidade nas escolas, que ainda segmentam disciplinas como se faz há décadas. Ao longo do tempo foi criado um modelo híbrido, em que os critérios de avaliação não é claro. Hoje, constata-se que as disciplinas continuam coexistindo isoladamente e os professores ainda não têm qualificação para trabalhar de outra forma.       Além disso, a formação profissional permaneceu sem prioridade ao longo do tempo, o que é um ponto de dor na sociedade brasileira, pois muitos alunos pobres não têm motivação para prosseguir seus estudos, dada sua necessidade de inserção no mercado de trabalho e a desconexão entre a vivência escolar e sua realidade. Apesar de a reforma ser um avanço nesse sentido, a expansão da carga horária para 1.400 horas será, porém, um desafio para a retenção desses alunos.       Assim, para que a reforma tenha êxito, é necessário resgatar o diálogo perdido. O Ministério da Educação e os sindicatos dos professores devem articular um plano de transição entre os modelos, bem como criar indicadores de qualidade transparentes para a sociedade. Nesse plano, os professores deverão receber as orientações de como lecionar segundo as novas abordagens e a formação profissional. Além disso, as câmaras de vereadores de todo o país devem convocar audiências públicas para compartilhar opiniões e sentimentos sobre o tema. Democraticamente, é possível tornar o Ensino Médio uma referência de futuro para o país.