Materiais:
Enviada em: 27/06/2019

De maneira bastante sensibilizadora, o documentário "Nunca me sonharam" retrata a realidade de alunos do ensino médio de escolas públicas brasileiras e sintetiza, na voz dos próprios discentes, a importância da qualidade da educação no tocante à construção do futuro. Levando essa análise em consideração no cenário educacional atual, a produção coloca em pauta diversas situações. Assim, surgem questões acerca dos possíveis impactos da reforma do ensino médio, cuja relevância atenta para o atendimento da formação direcionada ao mercado de trabalho mas também para o possível aumento da desigualdade entre ensino público e privado.     Em primeiro plano, convém analisar a reforma como um suporte para inúmeros estudantes que desejam trabalhar logo após a formação. Dos alunos matriculados no ensino médio no Brasil, segundo o Censo Escolar, 29% não querem cursar faculdade porque preferem ou necessitam se inserir no mercado de trabalho para ter renda. Com a reforma, esses estudantes terão formação técnica específica que os ajudará a ter uma ocupação. Sendo assim, o rearranjo educacional proposto terá impactos positivos para grande parcela dos jovens brasileiros.    Ademais, é válido analisar as faces opostas dessa remodelação de ensino que trariam uma maior discrepância da qualidade entre as escolas. Atualmente, o modelo - estrutural e organizacional - dos educandários públicos não é suficiente para receber uma gama de cursos técnicos para a população. Isso explica o porquê 91% das escolas públicas ficaram abaixo da média do Enem em 2017, segundo o Inep. Entretanto, institutos privados, por sua vez, além de já ofertarem mais aparatos, terão maior possibilidade de apresentarem diversidade de cursos técnicos graças ao investimento particular. Dessa forma, o abismo educacional entre estudantes pobres e ricos, infelizmente, só tenderá a aumentar.    Diante disso, medidas que proponham equilíbrio e adequamento das propostas da mudança do ensino médio são necessárias. A priori, a fim de tornar mais eficaz o atendimento aos que querem se ocupar, as escolas devem fazer um levantamento de quais cursos seriam mais aproveitados pela comunidade escolar, através da explanação das possibilidades de atuação em cada área técnica. Outrossim, o Ministério da Educação tem a missão de organizar a mudança do modelo de ensino aplicado em sala de aula, por meio de palestras que ajudem os docentes a reinventarem suas instruções, com o intuito de aliar o conhecimento técnico à prática das profissões. Sob esse viés, a renovação educacional irá ao encontro dos sonhos de jovens brasileiros que "nunca foram sonhados".