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Enviada em: 27/08/2019

Immanuel Kant, filósofo prussiano, ao ressaltar a importância do conhecimento para o desenvolvimento do indivíduo, assim sustentou: “o homem é o que a educação faz dele”. Essa assertiva auxilia na análise e no debate acerca dos impactos da reforma do ensino médio brasileiro na formação educacional do alunado. Nesse sentido, se as alterações apontam para uma maior flexibilização das atividades pedagógicas, por outro lado, sugerem uma concepção mais tecnicista do conhecimento. Diante dessa perspectiva, cabe avaliar os aspectos práticos dessas alterações, além do papel das escolas nesse processo.        Em primeira análise, é indubitável que as alterações promovidas pela reforma do ensino médio irão alterar, significativamente, o panorama da educação nacional. O pacote de ações, proposto por meio de Medida Provisória, entre outras coisas, define como matérias obrigatórias apenas o ensino de português e matemática, além de permitir que o aluno opte por áreas específicas de formação, em detrimento de outras, já no início do ensino médio. Nesse contexto, não obstante se busque uma maior independência e atratividade dos alunos, essas medidas não levam em consideração outros aspectos como a infraestrutura das escolas e a interdependência propedêutica entre as demais disciplinas.             Em segundo plano, o esvaziamento de matérias voltadas para as ciências humanas, como filosofia, sociologia e história, evidencia uma visão utilitarista do conhecimento, que se volta apenas para o ensino profissional. Nesse diapasão, Theodor Adorno, sociólogo expoente da Escola de Frankfurt, defende que, uma vez voltada para o tecnicismo, a educação perde seu papel primordial que é o de emancipar o indivíduo de forma crítica frente à sociedade. Assim, priorizar uma formação técnica e não contemplar a diversificação do conhecimento pode resultar numa limitação às capacidades e potencialidades dos jovens brasileiros.      Evidencia-se, portanto, a necessidade do debate acerca da reforma do ensino médio e seus impactos na educação do país. Para isso, é substancial que o Ministério da Educação, em parceria com as universidades, promova oficinas educativas, por meio de palestras e sarais, em escolas públicas de educação básica e ensino médio, visando evidenciar a importância de uma formação educacional interdisciplinar e contextualizada. Outrossim, é mister a participação de sociólogos e pedagogos, bem como de profissionais das mais variadas áreas, com o fito de aproximar o aluno do mercado de trabalho, sem, necessariamente, aderir um aspecto puramente utilitarista do conhecimento. Dessa maneira, observado o brocardo kantiano, a educação poderá fazer do brasileiro um indivíduo consciente e emancipado frente ao corpo social.