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Enviada em: 21/10/2017

Devido ao seu caráter mercantil, em detrimento do educacional-crítico, a reforma do ensino médio tem gerado grande dissenso entre os brasileiros. Visando claramente a especialização do mercado de trabalho, essas medidas geram tanto benefícios quanto malefícios na formação dos jovens: por um lado, garantem uma maior profissionalização do mercado, por outro, a diminuição da carga horária de disciplinas de caráter crítico contribui para a falta -já deveras grave- de pensamento crítico na sociedade, além de ser uma válvula de escape para a falta de investimentos no setor educacional.       Promulgada pelo atual governo,  ela visa flexibilizar o currículo escolar dos alunos e inserir o ensino técnico na gama de matérias disponíveis, em uma repartição de 40% da carga horária total desse para 60% do ensino regular. O intuito é promover uma educação mais específica e direcionada para cada carreira, nos moldes do sistema norte-americano, além de capacitação para a vida profissional. Isso é benéfico na medida em que o estudante tem contato com as matérias que efetivamente quer seguir carreira, o que motiva a vontade de aprendizado, visto que ele estudará o que gosta. Ademais, principalmente para aqueles que não irão adentrar ao ensino superior, o ensino médio agora poderá garantir uma formação profissional, criando mão de obra mais qualificada e com mais chances de empregabilidade.       Em contrapartida, a reforma é uma clara medida de evitar investimentos na educação, visto que, ao invés de promover um investimento em infraestrutura, aumento de salários de servidores e qualidade de ensino, o governo brasileiro prefere reformar o método de ensino, pintando uma parede cujas fundações já estão podres. Além disso, ao favorecer um ensino técnico, garante que o estudante tenha mais chances de se empregar ao sair do ensino médio, o que age como mais um desestímulo ao ensino superior público: menos pessoas geram menos gastos e fazem menos pressão na melhora e ampliação de centro universitários. Outro problema é a retirada de matérias de teor crítico da grade curricular obrigatória,  gerando uma deficiência na formação crítica dos alunos. Como consequência, cria-se uma massa de manobra mais facilmente manipulável, que protestará menos com a diminuição dos investimentos em educação. Um ciclo perfeito.       Diante do exposto, cabe a sociedade em geral protestar para que se efetive um maior investimento em educação, visto que não basta garantir um método sem que haja infraestrutura para suportá-lo. Através de protestos, passeatas, greves e pressão aos parlamentares e chefes do executivo, a população deve exigir melhorias nas escolas, no salário e no corpo de professores, promovendo um ensino público de qualidade, sem que haja a necessidade de cortes, de verbas ou de conhecimento.