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Enviada em: 30/10/2017

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, o desenvolvimento das instituições de ensino esteve relacionado à modernização da sociedade. Entretanto, o que se observa no meio hodierno é a possível não correspondência entre a realização de mudanças no sistema nacional de educação e a melhoria das capacidades intelectivas dos estudantes. Surge assim a questão da reforma do Ensino Médio, que pode ocasionar consequências positivas, mediante a tomada de importantes ações.    Consoante o filósofo Francis Bacon, conhecimento é poder, sendo, logo, imprescindível à formação civil e política dos cidadãos. Nesse sentido, as atitudes empregadas pelo Estado no aspecto educacional devem primar tal empoderamento, que não será conseguido somente por meio do aumento da carga horária. A situação das escolas públicas é precária em diversos segmentos (escassez de infraestrutura, segurança, alimentação), e sem o respaldo desses setores, a maior permanência dos alunos nas unidades de ensino poderá potencializar os atuais problemas encontrados. Observa-se a necessidade de uma reestruturação educacional mais ampla, que identifique e corrija, prioritariamente, os obstáculos de hoje, e só então projete modificações sistemáticas para o futuro.   Outrossim, é indubitável o fato de a contemporaneidade estar atrelada a uma nova didática de ensino, que privilegie mais a autonomia e individualidade do estudante, em prol do modelo arcaico prevalente até então. Segundo Bauman, o cenário mundial, caracterizado pelo derretimento dos antigos preceitos e referenciais, cuja coletividade, ao invés de regional, é ditada pela escala global de juízos e valores, é chamado de Modernidade Líquida. Analogamente, a reforma do Ensino Médio proposta necessita acentuar essa, mesmo que de certa maneira restrita, protagonização do estudante na sua própria educação, em que o mesmo opta pela carreira que melhor lhe apetecer, de modo a corroborar a necessária fluidez e readequação do processo de aprendizado.   Entende-se, portanto, que a estrutura levantada para mudança do Ensino Médio poderá ser positiva, engendrando maiores oportunidades aos estudantes e, consequentemente, ao país. Assim, a fim de ser alcançada tal realidade, cabe ao Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, o levantamento dos principais problemas encontrados nas escolas do Brasil, que deverão ser adicionados às propostas da reforma, a fim de viabilizá-la ulteriormente. Ademais, campanhas de conscientização das mudanças necessitam ser realizadas por meio da parceria entre o Poder Público e emissoras televisivas abertas, explicitando à sociedade civil, pelo diálogo, os impactos positivos que serão desencadeados. Faz-se relevante também a expansão, por parte do Governo Federal, de outras áreas de aprendizado (música, pintura, dança, entre outros), aumentando a possibilidade de escolha dos alunos.