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Enviada em: 02/11/2017

O ensino médio atual– excessivamente desvinculado da formação profissional, em geral- foi extinto por uma Medida Provisória do governo sem ouvir os interessados: Secretarias de Educação estaduais, professores, pais, alunos e os empregadores.          A fórmula proposta não constitui uma inovação ou uma revolução. A legislação no período da ditadura militar – Lei 5692/71 – estabelecia um ensino de segundo grau que podia ser profissionalizante a partir do segundo ano em algumas áreas formando ao final do terceiro ano auxiliares técnicos. No entanto, a realidade das escolas , economicamente falando , era precária- o ensino técnico é caro porque requer investimentos em equipamentos e laboratórios -, pois é o técnico o primeiro a lidar com equipamentos atualizados em termos de novas tecnologias.         Em geral, houve um fracasso e jovens nem saíam preparados para o mercado de trabalho- sempre restrito em estados mais pobres – nem tampouco em condições de competir, sem uma preparação posterior, por uma vaga numa boa universidade pública. A base curricular comum atual representa uma melhoria por que assegura os mesmos conhecimentos a todos. Desmembrar esse currículo sob o argumento de que o aluno pode escolher, sem outras políticas, é algo preocupante e deixa uma sensação de insegurança para quem vai optar. Não há ainda como prever se a seleção para as universidades públicas se adaptará a esse novo modelo proposto.          A efetividade da reforma proposta requer mais por parte do governo, pois a primeira impressão é que ela foi concebida num clima político e com o objetivo de combater a ideologia de outro governo, apenas. Educação requer política de Estado e não de governo somente. O debate com os interessados deve ser estendido para o Congresso Nacional para decisões mais legítimas ,na forma de lei.         Além disso, educação de qualidade é o que se deve pretender sempre, e, sem investimentos e valorização do professor, nenhuma reforma trará melhores resultados do que os atuais. A escola pode ser tecnicista também – a formação profissionalizante deve ser valorizada -, porém tal escola exige investimentos para além dos atuais o que deve ser precisamente definido em lei para que os orçamentos acompanhem e façam realidade uma atualização tecnológica constante no ensino mais caro do mundo que é o técnico.        A escola requer uma melhor formação dos professores e planos de carreira. A capacitação deve ser de fluxo contínuo e no interesse das instituições – medido pela natureza dos cursos que oferece e de outros que o mercado possa demandar. A ampliação da carga horária deve ser mantida ,porém sem excluir à referente à Sociologia e Filosofia.