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Enviada em: 16/04/2018

Inserção de ensino técnico na grade curricular, aumento da carga horária e maior flexibilização no estudo de determinadas disciplinas. Eis algumas mudanças previstas pela medida provisória a qual determina a reforma brasileira no Ensino Médio. Essa, por desconsiderar as escolas como locais responsáveis pela formação de cidadãos, não garantirá, de fato, a melhoria da educação nacional. Dessa forma, cabe pontuar os efeitos negativos dessas mudanças na vida estudantil dos brasileiros.  Em primeiro plano, é válido destacar que a ampliação do tempo de permanência dos alunos nas escolas não significará a melhoria dos indicadores educacionais no Brasil. Nessa perspectiva, vê-se que o maior problema relacionado a esse setor encontra-se na falha administração da rede escolar pública e, consequentemente, no desinteresse dos estudantes em frequentar essas instituições. Assim, é perceptível que as ínfimas quantias repassadas para os institutos acadêmicos pelo poder público inviabilizam  a devida remuneração dos professores, bem como a realização de reformas estruturais nesses espaços. Com efeito, diante da falta de aparato escolar, crianças e jovens passam a negligenciar o estudo, o que desvaloriza o ensino público brasileiro. É evidente, então, que, se o aumento quantitativo das aulas não for acompanhado de mudanças na gestão escolar, não ocorrerão mudanças qualitativas no panorama educacional do país.  Outrossim, deve-se salientar que o fato de algumas matérias deixarem de ser obrigatórias contribui para a perda do senso crítico dos alunos. Nesse sentido, é notório que disciplinas como sociologia e filosofia, que passam a ser dispensáveis com a promulgação da medida provisória, estimulam a formação de opinião e posicionamento diante dos acontecimentos cotidianos. Segundo o filósofo Immanuel Kant, a saída da menoridade- fenômeno conhecido por ele como "esclarecimento"-corresponde à capacidade de os indivíduos usarem a razão de forma autônoma. Por conseguinte, vê -se que, com a retirada dessas disciplinas, a reforma impede a ocorrência do processo idealizado pelo pensador, já que prioriza o desempenho escolar dos estudantes em detrimento de sua capacitação cidadã.  Fica clara, portanto, a necessidade de reformulação das mudanças estabelecidas para o Ensino Médio brasileiro. Destarte, cabe ao Ministério da Educação, em parceria com as secretarias estaduais e municipais desse setor, convocar semanalmente reuniões nas escolas para a discussão de novas propostas. Tal medida visa, por meio da participação de alunos e professores, incluir a população nas decisões relacionadas à educação nacional, buscando chegar, mediante uma votação, ao consenso entre os alunos. Só assim, os estudantes brasileiros terão acesso a escolas de qualidade.