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Enviada em: 07/05/2018

Brás Cubas, personagem criado por Machado de Assis, disse em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse quão certa foi sua decisão, tendo em vista o preconceito linguístico existente no Brasil. Nesse sentido, é preciso analisar as causas e consequências disso, como a falta de conhecimento acerca das variantes da língua e o etnocentrismo linguístico, para que a problemática seja solucionada.    A Língua Portuguesa é dinâmica e está sujeita a inúmeras variações, porém, vários indivíduos não possuem muito conhecimento sobre isso. Desde o Período Colonial pessoas de várias etnias constituem o Brasil, como índios, portugueses, holandeses, entre outros. Dessa forma, o país tornou-se miscigenado, não só etnicamente como também linguísticamente. Logo, existem diversas variantes na fala do português brasileiro. Entretanto, as variações linguísticas não são trabalhadas em seu contexto histórico, etário, regional e sociocultural nas escolas, o que resulta na ausência de conhecimento das pessoas sobre elas.    Devido a isso, surge o etnocentrismo linguístico. No século XVI, os colonizadores portugueses chegaram ao Brasil com uma visão etnocêntrica acerca dos índios, simplesmente por estes possuírem uma cultura diferente. Similarmente, tal situação é vista até hoje no âmbito da fala. Muitos indivíduos com pouco conhecimento sobre variação linguística creem que apenas o seu jeito de falar português é o correto, dessa forma, ao conhecerem pessoas dialogam de modo distinto praticam o preconceito linguístico, efetuando bullying e comentando que o estilo de fala do outro é errado. Por conseguinte, as vítimas dessa discriminação sentem-se tristes e humilhadas.    É evidente, portanto, que medidas são necessárias para eliminar os casos de preconceito linguístico no Brasil. Segundo o filósofo Immanuel Kant, o ser humano é aquilo que a educação faz dele, desse modo, o Ministério da Educação deve aumentar a carga horária da lição de Variantes Linguísticas nas aulas de Português, garantindo o ensino de todo o contexto dessas, a fim de formar cidadãos informados sobre como a Língua Portuguesa é diversificada. Ademais, cabe ao Poder Legislativo criar uma emenda que considere o preconceito linguístico como crime, com o intuito de punir devidamente os cidadãos que transgredirem essa lei. Assim, será criada uma sociedade da qual Brás Cubas se orgulharia, que entenda e respeite as variações linguísticas.