Materiais:
Enviada em: 28/05/2018

A língua, principal instrumento sociocultural, que detém a função de comunicação e portanto, de coesão social, pode paradoxalmente servir como mecanismo de segregação social pelas variantes mais prestigiadas - que são decididas pelas principais elites econômicas e culturais do país. Dessa forma o preconceito linguístico surge, sobretudo, como forma de preconceito social.   O processo de ampliação do repertório linguístico das classes mais baixas no Brasil ocorreu após o processo de urbanização do país, a partir da década de 60; desde então a obrigatoriedade da educação básica gratuita foi determinada. Apesar das barreiras enfrentadas por esses cidadãos, como a diferença de sotaque e de alguns vocábulos de sua região, essa iniciativa possibilitou a inclusão social de muitas dessas pessoas.      Apesar da massificação na educação, o preconceito linguístico ainda é frequente, especialmente para com as pessoas mais humildes; Em 2016, no Estado de SP, a notícia de que um médico teria publicado a frase ''Não existe peleumonia e nem raôxis'' como forma de preconceito para com um de seus pacientes -um idoso analfabeto- nas redes sociais emergiu o debate a respeito do preconceito linguístico no Brasil, sendo esse um país de formação sociocultural heterogênea, haja vista que cada região foi habitada por diferentes povos e culturas socioeconômicas em sua origem. Além disso, deve ser levado em conta também a discrepância de investimentos na educação e na cultura entre uma região e outra.      Dessa forma é inadmissível toda e qualquer forma de preconceito- seja por sotaque ou desconhecimento da norma culta padrão, pois como afirma Macos Bagno, a língua é viva e passa por processos de evolução. Torna-se necessário, portanto o ensino da norma culta padrão das escolas sem subjugar qualquer outra forma de comunicação. Estudantes de letras da universidades públicas em seus estágios poderiam debater sobre a variação linguística esclarece-los de que não há o certo e o errado, mas sim o adequado e o inadequado quanto às situações cotidianas.