Materiais:
Enviada em: 22/05/2018

A língua é o instrumento de comunicação e interação da civilização e, paradoxalmente, um mecanismo de segregação social pelas variantes mais prestigiadas. Pois, a falta de conhecimento da população gera uma situação de intransigência quanto às variações linguísticas, principalmente ao que se refere às formas diatópica e diastrática de comunicação. Em face a isto, observa-se que essa problemática persiste por ter raízes históricas e culturais.         A formação sociocultural brasileira foi heterogênea, haja vista que cada região foi habitada por diferentes povos e culturas socioeconômicas. Em virtude disso, o país apresenta grande diversidade linguística, marcada pelos sotaques regionais, os quais são discriminados socialmente em decorrência da falta de educação quanto à história do próprio país. Tal feito é vergonhoso, pois retrata uma estrutura padronizada e valores de uma sociedade intransigente e arcaica, que além de oprimir as variantes divergentes à norma culta, não detém conhecimento linguístico acerca dos fatores que diversificam a língua.         Outrossim, ressalta-se que a cultura nacional contribui para a manutenção do preconceito linguístico, uma vez que há a supervalorização da norma padrão pelas classes mais prestigiadas. Tal situação retoma a necessidade de rompimento com o academicismo no meio social, tal qual feito pelos Modernistas, na literatura no século XX, pois as diferentes formas de linguagem contribuem para a formação da identidade brasileira, e devem, portanto, ser tratadas como ferramentas de coesão. Nesse sentido, ratifica-se que toda forma de discriminação e segregação social em decorrência desse ato é inadmissível em uma nação em que todos os cidadãos têm o pleno direito da liberdade de expressão.       Destarte, analisa-se que o preconceito linguístico é um problema social, oriundo da construção social do Brasil, com indubitável necessidade de intervenção. Desse modo, é indispensável que o Ministério de Educação (MEC) reformule a grade curricular das escolas, em que esta deverá valorizar mais as variações linguísticas, para que os alunos possam desenvolver senso crítico e tolerância quanto às diferentes formas de expressão possibilitadas pela língua portuguesa, pois, como afirma o linguística Marcos Bagno, a língua é viva e passa por processos de evolução. Ademais, é preciso que as Secretarias de Educação junto à Assessoria de Comunicação do MEC tratem essa problemática como um agente de exclusão social e divulguem isso nas mídias, por meio de propagandas, às quais deverão abordar o assunto com caráter social e jurídico. Feito isso, aumentam-se as chances de se alcançar uma cidadania pragmática e realmente legítima e plural.