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Enviada em: 30/05/2018

A língua é, primeiramente, um instrumento de comunicação pertencente aos falantes, que a adaptam de modo a garantir a melhor interação na sociedade em que vivem e por isso, está sujeita a variações que podem ser causadas por fatores históricos, socioculturais ou geopolíticos. Logo, em um país com a extensão territorial do Brasil, essa ferramenta não poderia permanecer estática e apresenta variabilidade que é influenciada pela região e classe social do falante, o que abre espaço para atritos que envolvem discriminação com quem não fala a variedade padrão. Tais conflitos evidenciam a necessidade de medidas para evitar o preconceito linguístico.        No livro Caminhos Cruzados, de Érico Veríssimo, vemos o professor Clarimundo, um homem intelectual, mas que não consegue se comunicar com as classes mais baixas, atentando-se somente aos erros gramaticais cometidos por eles. Tendo em vista que na sociedade em que vivemos a língua está intimamente relacionada com a estrutura social, esse personagem é uma representação de segmentos da sociedade que consideram a gramática normativa como a única aceita e sentem-se superiores por fala-la, condenando quem não a segue. Dessa forma, disseminam um preconceito contra grupos que não tiveram acesso à educação e que acabam excluídos socialmente.        Além disso,  em um país com dimensões continentais como o Brasil, é impossível não haver variações no modo como a língua portuguesa é falada. Entretanto, há aqueles que não acreditam na mobilidade natural de uma língua e discriminam o modo de falar de habitantes de outra região, principalmente do nordeste. Esse comportamento fortalece estereótipos, como o de caipira, que podem ser danosos para o indivíduo, que torna-se alvo de deboche e pode ter problemas de sociabilidade, além de criar uma dificuldade em aceitar sua própria identidade regional.        É evidente, portanto, que medidas devem ser tomadas para combater o preconceito linguístico e garantir que todas as variedades da língua sejam respeitadas. A escola deve promover palestras sobre as variações linguísticas, em associações com especialistas no assunto, de modo a esclarecer aos alunos que não se trata de desconsiderar a gramática e suas regras, mas sim admitir que todas as variações são inerentes à língua e merecem respeito. Além disso, cabe ao Ministério da Educação inserir em apostilas um programa sobre a mutabilidade da língua, explicando o motivo de mudanças acontecerem e priorizando as diferenças entre classes sociais e regionais, para a conscientização dos estudantes desde cedo. Por fim, cabe a mídia acabar com os estereótipos ligados ao modo de fala, através de programas educativos, para por fim ao preconceito linguístico.