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Enviada em: 01/06/2018

De acordo com o raciocínio do professor e linguista Carlos Bagno, o fato de uma pessoa saber a regência correta do verbo implicar não gera nenhuma forma de vantagem ou superioridade para o ingresso em um círculo de privilegiados, porém, o contrário vem acontecendo na sociedade. Diante disso, por vezes, o ato de se comunicar esbarra em discriminações e prejulgamentos que limitam a inclusão social, fazendo que com que os falantes se sintam humilhados ou intimidados com a possibilidade de cometer um erro de português. Sendo assim, o preconceito linguístico, no Brasil, tornou-se perceptível e, por isso, é preciso entender que há diversas variantes na língua, e uma não deveria ser mais prestigiada em relação às demais.           Primeiramente, é importante destacar que, embora todos os brasileiros sejam falantes da Língua Portuguesa, ela apresenta diversas particularidades no contexto regional, etário, social e histórico. Isso significa que a linguagem está em constante transformação, e os responsáveis pelas mudanças são os próprios falantes, independente de classe social ou nível de escolaridade. Nesse sentido, não se deve desconsiderar a gramática normativa e suas regras, já que ela serve como base para o sustento do idioma, mas sim admitir que todas as variações são inerentes à língua.           Além disso, é evidente que o fato de existir uma variante padrão faz com que as demais sejam desprestigiadas, gerando o preconceito linguístico. Assim sendo, a defesa de um conjunto padronizado de regras está apoiada no entendimento, como disse Bagno, de que o conhecimento da norma culta vem se tornando uma garantia para a inserção do indivíduo na categoria dos que podem e sabem falar. Isso abre margem, de certa forma, para a construção de uma ideologia da língua como instrumento de poder, em que é possível visualizar uma verdadeira divisão entre letrados e iletrados. Consequentemente, aqueles que sofrem a discriminação linguística tendem a desenvolver problemas de sociabilidade, como, por exemplo, vergonha e humilhação.           Fica claro, portanto, que a língua é um fator decisivo na exclusão social. Desse modo, o Ministério da Educação deveria, por meio de Lei, exigir que as escolas, através de professores capacitados no assunto, realizassem uma abordagem mais aprofundada sobre o preconceito linguístico, incluindo, nas aulas de Português, todas as variantes existentes na língua, sem negligenciar a importância da norma culta, a fim de mostrar para os alunos o quão multifacetado é o nosso idioma. Por fim, seria essencial que os veículos de informações fizessem uma parceria entre imprensa e publicidade: esta fazendo campanhas, mostrando os problemas que as vítimas dessa discriminação enfrentam, com o objetivo de conscientizar a população e aquela noticiando os resultados dessa cooperação.