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Enviada em: 03/06/2018

Maurício de Sousa, autor do período literário modernista, retrata, em suas charges, o personagem Chico Bento como alguém que padece do ato criminoso que é o preconceito linguístico. Fora dos quadrinhos, a realidade não é distinta: o preconceito relacionado à língua de alguns indivíduos é uma problemática evidente nesta era e tem sido utilizado como ferramenta de segregação social. Por isso, é importante discutir essa postura no intuito de que seja possível compreender que as variantes são um elemento constituidor da língua e que, assim, romper os estigmas sobre elas.       Em primeiro lugar, é relevante destacar que a língua, mecanismo principal do processo de interação sociocultural, é dinâmica e mutável. Dessa forma, é possível entender que existem particularidades dentro de um idioma - denominados variantes - que podem surgir de acordo com a idade dos indivíduos, com a região geográfica em que esses estão inseridos, ao contexto histórico e ao nível de escolaridade que possuem. Nesse sentido, percebe-se a necessidade de se debater sobre as variedades linguísticas, não desconsiderando a norma-padrão, mas compreendendo-as como uma condição intrínseca à mutabilidade da língua.        De maneira análoga, é bem sabido que, infelizmente, os ambientes escolares brasileiros, por muitas vezes, são lugares propagadores de diversos tipos de preconceitos, o que acaba por gerar acréscimos nos muros segregacionistas deste país. Esse comportamento, infelizmente, gera uma "reação em cadeia", ocasionando o medo de se expressar desses indivíduos, além de ferir o princípio de maior importância no que se refere à cooperação entre os seres - a coesão social - estudada por Durkheim. Assim, é indubitavelmente interessante romper os padrões linguísticos impostos que geram preconceitos, já que o Brasil é um país multicultural.       Fica evidente, portanto, que o preconceito linguístico é uma mazela social que deve ser debatida e rompida urgentemente. Para combater a problemática, cabe ao Estado, por meio do poder legislativo, a criação de leis que penalize os indivíduos que cometam esse ato, através do pagamento de multa - que possam ser convertidas em investimentos no setor educacional -. Além disso,  cabe ao Ministério da Educação a ampliação dos debates que visem a discussão sobre as variedades linguísticas, mas que ultrapassem os muros escolares brasileiros e cheguem às praças, como os debates ocorridos na Antiga Atenas. Espera-se, com isso, que seja possível disseminar a ideia de altruísmo na sociedade brasileira.