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Enviada em: 05/06/2018

O livro “Por uma Vida Melhor”, ao utilizar conjugações como “nós vai”, despertou um episódio de preconceito linguístico: a proibição do livro nas escolas foi exigida pelos defensores da norma culta. Apesar da norma padrão ser, de fato, importante, esse fundamentalismo ofende a identidade nacional brasileira, onde há um mosaico cultural, e assim, instiga a discriminação e o assédio linguístico. A priori, o preconceito linguístico é uma vertente do discriminatório darwinismo social. Nessa tangente, os meios que não praticam a norma culta, presentes em grande parte na sociedade rural, por exemplo, são considerados inferiores - tanto cultural quanto mentalmente. Ademais, a linguagem jovem também é rebaixada: adultos recriminam e fazem chacota de expressões como “tipo assim”, alegando ser uma ofensa gramatical.    No entanto, é crucial entender que cenários diferentes pedem linguagens diferentes. Não é esperado que um jogador de futebol, por exemplo, utilize expressões que um empresário usaria. Ainda assim, a linguagem de um não se sobrepõe à outra, pois elas adequam-se ao meio em que são faladas, ou seja, seria complicado a compreensão de termos eruditos em um cenário popular.   Urge-se, destarte, compreender o relativismo cultural. O Ministério da Cultura, que rejeitou a proibição de “Por uma Vida Melhor”, defendendo que é preciso respeitar as variantes linguísticas, deve ampliar essa política. Em conjunto com o Ministério da Educação, devem instigar escolas ao ensino do respeito ao mosaico linguístico. Além disso, devem lançar campanhas divulgadas pelo poder midiático para implantar uma política de defesa ao relativismo cultural. Assim, será possível que a riqueza da língua seja usufruída e respeitada.