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Enviada em: 16/06/2018

Conforme defendeu o filósofo Jean Jacques Rousseau, o Estado deve agir de acordo com a vontade geral, ou seja, visando o bem-estar social. No entanto, ao analisar o crescente quadro de preconceito linguístico no país, observa-se que o Governo brasileiro não segue plenamente o ideal do filósofo, uma vez que ainda há obstáculos para a resolução desse impasse. Nesse contexto, ao raciocinar sobre tal preconceito, basicamente fruto de um processo histórico-cultural somado à influência midiática, para além de comprometer a coesão social, descumpre o princípio da democracia substantiva projetada na Constituição Federal de 1988.     Em primeiro plano, é válido ressaltar que o progresso desse tipo de discriminação tem raízes históricas. Nesse enfoque, desde o Brasil colonial, a língua era uma das formas de diferenciação social, sendo exaltados aqueles cuja língua era considerada como correta, por exemplo, os senhores de engenho. Além disso, hodiernamente, o poder de influência do campo midiático, principalmente da internet e TV, contribui para a permanência desse problema no meio social. Tal veracidade pode ser constatada nas novelas, cujos papéis de pessoas pobres, do interior ou de baixa escolaridade estão presentes com o objetivo maior de provocar o riso e potencializar a desigualdade social.   Em consequência disso, tais fatos sociais contribuem para a existência de desafios na harmonia da sociedade. Desse modo, a violência simbólica- teoria defendida pelo erudito Pierre Bourdieu- é a principal forma de agressão sofrida pelas vítimas, causando, frequentemente, uma redução nas oportunidades de ascensão social, uma vez que a exclusão é uma das consequências mais comum desse tipo de intolerância. Ademais, nas instituições de ensino o assunto não é trabalhado de forma eficiente e isso corrobora para uma sociedade menos tolerante e mais desigual. Tais entraves, por conseguinte, dificultam a solidificação das cláusulas democráticas e dos direitos humanos.    Frente à análise desses graves desafios, é de responsabilidade do poder público- em parcerias com o Ministério da Educação- promover a construção de medidas as quais visem a diminuição do preconceito linguístico na sociedade brasileira, bem como amostras, oficinas, debates e discussões sobre a importância da diversidade da língua na formação da sociedade brasileira e como integrar e respeitar a pluralidade cultural, com objetivo de seguir os princípios da igualdade de direitos. É plausível, ainda, a mídia engajada, a partir de novelas e minisséries, trabalhar criticamente o tema “preconceito linguístico”, no intuito de promover uma educação respeitosa e igualitária no corpo social. Dessa forma, retirando os obstáculos desse dilema, o Brasil poderá construir um país mais democrático e idealizado por Rousseal.