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Enviada em: 29/10/2018

Ao realizar uma análise histórica, observa-se que a composição de sociedade brasileira ocorreu mediante a convergência de diferentes culturas, oriundas principalmente dos colonizadores e imigrantes europeus, dos negros africanos e dos nativos indígenas. Dessa forma, a língua portuguesa, trazida pelos primeiros homens brancos ao chegaram às terras tupiniquins, mesclou-se a dialetos africanos e indígenas, entre outras influências, tornando-se o que é atualmente. Todavia, apesar de sua origem rica em diversidade, verifica-se no Brasil a existência de um vilipêndio em relação às variações linguísticas que fogem à norma culta.   A priori, convém mencionar que, um dos entraves que se apresenta no meio social brasileiro, responsável por perpetuar preconceitos linguísticos, é a concepção errônea que a gramática é o modo único e certo. Nesse assunto, nota-se que a situação dá-se pela violência simbólica, conceito proposto pelo sociólogo Pierre Bourdieu, que diz respeito à perpetuação das relações de dominação implícitas socialmente.  Com isso, aqueles que não se adequam à gramática normativa, grande parte de classes menos favorecidas, sofrem com a repressão da classe dominante. Por conseguinte, estes são passíveis de desenvolver problemas na socialização, fundamental para o desenvolvimento da vida humana.    Outrossim, em 1970, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística foi responsável por efetuar a regionalização do país, de forma a agrupar os estados de acordo com características físicas, econômicas, culturais, entre outras. Assim, ao observar as cinco regiões que compõe o Brasil, é possível verificar que, além de outros aspectos, elas se diferenciam também no vocabulário. Ademais, apesentam-se ainda divergências entre o dialeto da capital e do interior. Contudo, de acordo com o linguista Marcos Bagno, nesses casos, os considerados "desvios da língua" não existem, haja vista que no português estão presentes muitas variedades, que se adequam ao contexto e aos interlocutores.    Destarte, tendo em vista os supracitados, fica evidente que a problemática urge ser solucionada. Para isso, cabe primeiramente ao Governo Federal, por intermédio do Ministério da Educação, o desenvolvimento de uma cartilha com o tema, além de incluir como pauta obrigatória na disciplina de Língua Portuguesa, elucidando para os estudantes a existência de variantes do português e reforçando como o preconceito é nocivo, ressaltando que ele também está presente na linguagem. Além disso, assiste ainda ao Estado, em ação conjunta com o setor midiático, a criação de tramas televisivas que mostrem diferentes modos de se comunicar utilizando o português, a fim de normalizar variações diferentes. Dessa maneira, será possível alcançar um Brasil que faça jus à sua formação rica em diversidade, tornando-se livre de preconceitos de linguagem.