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Enviada em: 06/07/2018

Representações estereotipadas em novelas, ofensas nas ruas e redes sociais devido a forma de falar e escrever são alguns exemplos das manifestações do preconceito linguístico existente no Brasil. Esses atos discriminatórios, proferidos por alguns setores sociais, são reflexo de uma formação educacional voltada para supervalorização gramatical, bem como da escassez de políticas públicas que incentivem a variedade linguística no país.        Nesse contexto, é indubitável que a didática conservadora ainda utilizada por professores, nas escolas brasileiras, esteja entre as causas dessa problemática. Segundo Marcos Bagno, escrito brasileiro, a língua, desde seu surgimento, é usada como mecanismo de controle e inferiorização social. Seguindo tal premissa, o ensino linguístico voltado somente para o aprendizado das normas gramaticais, forma culta, considerada histórica e socialmente mais bonita pelas classes dominantes, contribui para a manutenção do preconceito da linguagem coloquial, como gírias e expressões regionais, embora tenha sido combatido por autores como Lima Barreto.        Outrossim, a falta e a ineficácia das políticas de valorização das falas nacionais no Brasil agravam esse quadro. Desse modo, ainda que haja o Inventário Nacional da Diversidade da Língua Portuguesa, o qual reconhece a existência de outros idiomas que não somente o Português, como o Talian, de origem indígena, não há no país uma política nacional que leve o conhecimento de tais expressões para além das comunidades as quais pertencem. No entanto, observa-se o incentivo do poder público e do Ministério da Educação à assimilação de outros dialetos estrangeiros, como o Inglês e o Espanhol, considerados mais "benéficos".        Diante disso, o preconceito linguístico no Brasil relaciona-se a questões sociais e educacionais. Destarte, os Ministérios da Educação e Cultura devem incentivar a valorização da linguagem coloquial e das falas regionais, nas escolas, por meio da capacitação e cartilhas para os professores, as quais lhe ensinem dinâmicas que possam ser utilizadas em sala de aula a fim de reduzir o preconceito nos alunos e nos docentes. As Secretarias de Educação devem, ainda, por meio de aulas e rodas de conversas com os discentes introduzir, nos colégios, o conhecimento sobre a pluralidade das línguas não oficiais do Brasil.