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Enviada em: 21/08/2018

A discriminação social por meio da linguagem é fruto da herança histórico-cultural brasileira, visto que a língua foi usada como instrumento de dominação cultural já na chegada dos portugueses ao país, em 1500. O preconceito linguístico promove a marginalização de pessoas por seus traços étnico-culturais e, com isso, o desaparecimento de dialetos regionais. Tal segregação pode, ainda, contribuir para a evasão escolar. Logo, é necessário que esse cenário mude no Brasil.        Segundo a lexicóloga Maria Biderman, a fala é o mecanismo de transmissão do legado cultural de um povo, o que a torna mutável. Dessa forma, as variantes linguísticas são naturais, tais como sotaques e sinônimos. Não cabe, portanto, intolerância a quem fala o mesmo idioma de formas diferentes.        Ademais, é indubitável que tal intolerância estimula a exclusão social dos indivíduos que se comunicam em desacordo aos padrões cultos. Essa segregação, por sua vez, culmina na saída dos jovens da escola, uma vez que 52% dos brasileiros entre 19 e 25 anos não estão estudando, como mostra pesquisa divulgada pelo Banco Mundial. É crucial, destarte, que medidas sejam tomadas visando à erradicação da problemática.        O fardo do preconceito linguístico pesa sobre os ombros de toda a sociedade. Cabe ao Ministério da Educação, portanto, a introdução da Sociolinguística no currículo regular de ensino, apoiado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a fim de incentivar o conhecimento acerca da mutabilidade da palavra, visando debelar a discriminação. Aliada a isso, a mídia deve diversificar os sotaques em programas de abrangência nacional para que a língua, com seus exército e marinha, conforme Weinrech, possa lutar por seu mais fiel soldado: o povo brasileiro.