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Enviada em: 02/10/2018

A obra "Vidas secas" de Graciliano Ramos retrata a vida de uma família pobre que vive no sertão nordestino. Na trama, muitas vezes o personagem Fabiano, provedor de sua família, se deixa enganar pelo patrão por não se julgar apto a contestá-lo, uma vez que não domina a língua padrão. Da mesma forma que Fabiano, diariamente, milhares de brasileiros são discriminados e até excluídos socialmente pelo seu modo de falar e se expressar, ou seja, sofrem com o preconceito linguístico.            A priori esse preconceito acontece, principalmente, devido ao fato de que muitas dessas variedades da língua estão associadas a grupos de menos prestígio social ou a populações de áreas rurais ou interioranas. Tradicionalmente, grupos de mais prestígio social e econômico que dominam a forma padrão da língua se sentem superiores e no direito de menosprezar, julgar e humilhar o outro por falar diferente, retirando o seu direito de se expressar à sua maneira.             Além disso, o sentimento de superioridade de quem domina a língua padrão se deve à falta de informação e reconhecimento das demais variáveis da língua portuguesa. Esse fato que está relacionado à história do país, desde quando o português falado na metrópole era enaltecido, perpetua até os dias atuais, sobretudo porque até nas escolas só é ensinada a gramática normativa, e pouco se fala das variedades linguísticas e o quanto elas são importantes ao integrar a cultura do país, representando diversos povos de diferentes origens.           Por tudo isso, para combater o preconceito linguístico é preciso que o Ministério da Educação inclua o estudo das variedades linguísticas à disciplina de português para que todos aprendam desde a infância que a língua falada vai além da gramática normativa. Além disso, os professores devem ser orientados a trabalhar com a importância histórica dos diferentes modos de falar para a constituição da língua. Com debates, feiras culturais e outras atividades lúdicas para alunos e familiares será possível conscientizar a todos e combater esse preconceito.