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Enviada em: 18/07/2018

Durante a colonização brasileira, os portugueses que chegaram ao Brasil reprimiram fortemente a língua falada pelos nativos do país assumindo, assim, uma postura etnocêntrica. É incontrovertível que, hodiernamente, o português falado pelo brasileiro seja constante alvo de elitizações pela classe dominante fatual. Dessa forma, configura-se um cenário de perpetuação do preconceito linguístico, piorando ainda mais o quadro de desigualdade social e urgindo mudanças na mentalidade da sociedade.    Primeiramente, convém destacar que o preconceito linguístico tornou-se um grande entrave nas escolas brasileiras. À guisa do sociólogo alemão Karl Marx, "O homem é, em sua essência, produto do meio". Assim sendo, é válido destacar que todo o corpo discente é formado por diferentes vivências que vão ao encontro de fatores socioeconômicos e culturais de cada indivíduo. Do mesmo modo, cada aluno exerce a função da língua de uma forma distinta, mas com o mesmo fito: a comunicação. Destarte, se a comunicação coerente é estabelecida, não cabe à escola ridicularizar ou discriminar o aluno em prol de uma norma padrão que serve para facilitar o entendimento da língua ao invés de usá-la como mecanismo de coerção.     Ademais, é possível inferir que as tentativas de elitização do português agravam o quadro de segregação social. A violência simbólica, conceito proposto pelo filósofo Pierre Bourdieu, é o processo em que a classe dominante impõe seu modo de pensar para o resto da sociedade. Tal violência ocorre constantemente no Brasil onde os mais ricos exigem oralidade e escrita erudita dos mais pobres, mas não lhe oferecem os meios para fazê-lo. Dessarte, a língua acaba sendo usada como mecanismo de controle social. Assim sendo, a conjuntura supracitada é amplamente sustentada pela mídia que, sob influência da classe dominante, tende a coagir os indivíduos a falarem de determinada forma, desconsiderando o ambiente em que estão inseridos e agravando a problemática.     Portanto, torna-se clarividente a necessidade de mudanças na conjuntura fatual. O Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Cultura devem inserir o estudo das particularidades linguísticas de cada região brasileira na grade curricular de Sociologia e Língua Portuguesa. Tal estudo seria efetivado sob o fito de promover a consciência coletiva nos alunos sobre as diversas variações do português evitando, assim, casos de assédio linguístico por todo o corpo escolar. Não obstante, a medida supracitada também objetivaria promover o criticismo nos alunos para que não sejam induzidos por ideologias televisionadas e pensassem por si próprios. Assim sendo, o produto do meio de Karl Marx seria um ambiente saudável para os indivíduos e a problemática resolvida a longo prazo.