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Enviada em: 16/07/2018

Marcada pela despreocupação com as normas formais da escrita, surgiu, em 1932, a escola literária modernista, que tinha como uma de suas primícias demonstrar a diversidade no uso da língua portuguesa em função da situação comunicativa. No entanto, apesar de a geração de Oswald de Andrade e Augusto dos Anjos ter enfatizado a inexistência de uma maneira certa ou errada para a comunicação, hodiernamente o preconceito linguístico persiste, seja devido a fatores socioeconômicos, seja pelo método de ensino adotado pelas escolas do país.       A priori, convém ressaltar que, devido à heterogeneidade da colonização brasileira, a língua portuguesa caracteriza-se como a fusão de diversos dialetos. Dessa forma, a pluralidade de culturas no território nacional, somada à grande extensão territorial brasileira e às diferenças sociais e econômicas de cada região, tornam insustentável a existência de um modo único de falar. Nesse viés, sabe-se que as variações linguísticas estão fortemente associadas ao poder aquisitivo e ao grau de escolaridade de determinada população. Prova disso, é que o Nordeste, região brasileira que mais sofre com o preconceito linguístico, apresenta uma taxa de analfabetismo de 17,7%, quase o dobro da média nacional, de 9,2%, no ano de 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.       Em segunda instância, se por um lado o acesso a instituições educacionais, teoricamente, reduz o índice de preconceito, por outro, o método de ensino gramatical contribui, cada vez mais, para a disseminação das concepções de uso certo ou errado da língua portuguesa. Nesse âmbito, verifica-se nas escolas do país o ensino da gramática normativa nas aulas de língua portuguesa, entretanto, não há métodos que ofereçam ao aluno condições para adquirir competência para usá-la de acordo com a situação vivenciada. Tal fato contribui para a concepção de que a comunicação deve ser sempre realizada segundo a normal culta da língua e aumenta a intolerância para com as variações linguísticas.       Urge, portanto, a adoção de medidas que solucionem o problema vigente. Destarte, cabe ao Ministério da Educação promover a alteração da metodologia de trabalho das escolas do país, por meio da manutenção da grade horária da educação fundamental e média, de modo a tornar obrigatório o ensino não somente da gramática portuguesa, como também das variações inerentes à língua e aos diversos contextos de uso da linguagem, para que, assim, o preconceito linguístico seja atenuado e o ideal modernista de aceitação à diversidade linguística seja verificado na sociedade.