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Enviada em: 19/07/2018

Poliglotismo nacional       Na primeira fase do Modernismo, autores como Oswaldo de Andrade utilizavam, preferencialmente, a linguagem coloquial em seus textos com o intuito de valoriza-lá. Contudo, esse reconhecimento só prevaleceu no campo literário, visto que o preconceito linguístico ainda persiste na cultura brasileira. Nessa perspectiva, é essencial difundir os valores pregados pelos modernistas, analisando as causas e efeitos de tal problema, a fim de amenizá-lo.      Em primeiro plano, o preconceito linguístico é um impasse que tem afetado negativamente o cotidiano dos brasileiros. Tal obstáculo exige atenção porque, em especial, gera humilhações, discriminações, esteriótipos, ou seja, amplia a exclusão social. Além disso, torna-se cada vez mais comum a não inserção, de pessoas que não dominam a norma culta ou possuem características regionais -sotaque- em seu linguajar, no mercado de trabalho. Entretanto, dominar essa modalidade gramatical é um privilégio de poucos, visto que uma educação de qualidade não é oferecida de forma homogênea no território do país. Dessa maneira, pode-se concluir que as classes sociais mais pobres são as mais atingidas.    Em segundo plano, observa-se que a língua humana é um poderoso instrumento de comunicação e integração. Ela é dinâmica e adaptável dependendo sempre do contexto regional, cultural, etário, social e histórico em que o falante está inserido. Sob essa ótica, o gramático Evanildo Bechara afirmou que "precisamos ser poliglotas em nossa própria língua", ou seja, conhecer e utilizar as variações linguísticas são fundamentais. Sendo assim, não existe um jeito ''errado" de se falar, mas sim diferenças adaptativas para garantir uma melhor comunicação em diferentes ambientes, e vale ressaltar, ainda, que a norma culta e a gramática são tão importantes quanto a linguagem coloquial.    Evidencia-se, portanto, uma necessidade de atenuar a problemática em questão por meio da mudança na mentalidade social. Logo, cabe às escolas, principalmente aos professores de Língua Portuguesa, conscientizar os alunos, durante as aulas, sobre as transformações da fala e suas importâncias, explicando o motivo desse contraste, por meio da promoção de trabalhos, rodas de leituras e saraus utilizando os textos modernistas para ilustrar, tudo isso com o intuito de oferecer um ensino linguístico de qualidade, crítico e cidadão. Em conformidade, a mídia pode promover campanhas, novelas e seriados que fomentem debates e a denúncia desse preconceito. Afinal, ser um poliglota nacional é afirmar e defender as nuances linguísticas existentes no falar brasileiro.