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Enviada em: 20/07/2018

Marcado pela despreocupação com as normas formais da escrita, surgiu, em 1932, o movimento modernista, que tinha como máxima demonstrar a diversidade no uso da língua portuguesa em função da situação comunicativa. No entanto, apesar de a geração de Mário de Andrade e Augusto dos Anjos ter enfatizado a inexistência de uma maneira certa ou errada para a comunicação, hodiernamente o preconceito linguístico faz parte do contexto brasileiro, seja devido a fatores socioeconômicos, seja pelo método de ensino adotado pelas escolas do país.        A priori, convém ressaltar que, devido à heterogeneidade da colonização brasileira, a língua portuguesa caracteriza-se como a fusão de diversos dialetos. Dessa forma, a pluralidade de culturas no território nacional, somada à grande extensão territorial brasileira e às diferenças sociais e econômicas de cada região, tornam insustentável a existência de um modo único de falar. Nesse viés, sabe-se que o preconceito linguístico está fortemente associado ao poder aquisitivo e ao grau de escolaridade de determinada população. Prova disso, é que o Nordeste, região brasileira que mais sofre com a discriminação linguística, segundo a Organização das Nações Unidas, concentra 60% da pobreza nacional, e é também o local em que há menor índice de acesso à educação no país, tendo apresentado uma taxa de analfabetismo superior à média nacional, de 17,7%, no ano de 2017.        Em segunda instância, se por um lado o acesso a instituições educacionais, teoricamente, reduz o índice de preconceito, por outro, o método de ensino gramatical contribui, cada vez mais, para a disseminação das concepções de uso certo ou errado da linguagem. Nesse âmbito, verifica-se nas escolas do país o ensino da gramática normativa nas aulas de língua portuguesa, entretanto, não há métodos que ofereçam ao aluno condições para adquirir competência para usá-la de acordo com a situação vivenciada. Tal fato contribui para a concepção de que a comunicação deve ser sempre realizada segundo a normal culta e aumenta a intolerância para com as variações linguísticas.        Urge, portanto, a adoção de medidas que solucionem o problema vigente. Assim sendo, cabe ao Ministério da Educação promover a alteração da metodologia adotada pelas escolas do país, por meio da manutenção da grade curricular da educação fundamental, de modo a tornar obrigatório o ensino não somente da gramática, como também das variações inerentes à língua e aos contextos do uso da linguagem, com o fito de suscitar o respeito por parte daqueles que são o futuro do país. Outrossim, convém que os canais televisivos exibam comerciais que enfatizem a importância do respeito aos dialetos, visto que são fundamentais para a construção da identidade nacional. Quem sabe, assim,  o ideal modernista de aceitação à diversidade linguística seja verificado na sociedade atual.